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sexta-feira, 15 de julho de 2011

ADIMÚ OFERENDA AOS ORIXÁS

C E C A A

Centro de Estudos da Cultura Afro-Americana
UMA COLETÂNEA DE COMIDAS DE SANTO.
DEDICO ESTE TRABALHO AOS SEGUIDORES DO CULTO AOS ORIXÁS QUE, RESPEITANDO TODAS AS FORMAS DE VIDA, COMPREENDEM QUE OS ANIMAIS SÃO CRIATURAS DE OLORUN, ASSUMINDO, ASSIM A RESPONSABILIDADE DE RESPEITÁ-LOS E PRESERVÁ-LOS.


ORAÇÃO DO GALO.

Não vos esqueçais, Senhor,
que eu faço nascer o Sol!
Sou vosso servo...
Mas a importância do meu cargo
Impõe-me certas arrogâncias.
Apesar de tudo,
reconheço que sou vosso servo...
Não esqueçais, Senhor,
que eu faço nascer o Sol!
Amém!

Carmem B. de Gasztold - (Orações na Arca).

ADIMÚ - OFERENDAS AOS ORIXÁS

1ª Parte
CAPÍTULO I
O Candomblé
O Candomblé, é a forma de culto existente no Brasil, das divindades de origem africana.
A forma original, trazida há mais de quatrocentos anos pelos escravos negros, submetida a um processo de aculturação, resultou num modelo novo, muito diferente daquela da qual provém e que serve hoje, tão somente, como ponto de referência, de acordo com a reformulação ou total rejeição de muitos de seus elementos.
A influência da civilização cristã, assim como os costumes de grupos ameríndios, foram assimilados e seus traços culturais podem ser observados mesmo nas mais tradicionais casas de Candomblé, que auto-intitulam-se "núcleos de resistência religiosa e cultural".
A caracterísca de núcleo de resistência, destiolou-se através dos tempos e, o que vemos hoje, é uma prática religiosa em constante processo de renovação, onde as características culturais da minoria, tendem a mudarem, ao reagirem à maioria envolvente.
Este fenômeno pode ser observado também em países da América Latina, onde os cultos de origem africana recebem nomes diferentes, como: Vudú, Palo Mayombe, Santeria, etc., variando de um país ou de uma região para outra, da mesma forma que, no Brasil, podemos encontrar diferentes práticas que variam de região para região, como: Tambor de Mina no Maranhão; Batuque e Babaçuê no Pará; Toré e Catimbó em toda a região nordeste; Pajelança no norte do país; Xangô em Pernambuco; Macumba no Rio de Janeiro e São Paulo; Pará em Porto Alegre; Candomblé na Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro, e Umbanda, existente em todo o Território Nacional.1
Os cultos, embora tenham uma origem comum, não são homogêneos, possuindo diferentes procedimentos litúrgicos, o que não se verifica somente de região para região, mas também, de terreiro para terreiro, muito embora restem sempre vários elementos comuns a todos os grupos praticantes.
A ausência de um culto direcionado a um Deus Único e Todo-Poderoso, paralelamente ao culto festivo às entidades intermediárias, (Orixás, Voduns ou Inkisis), fez com que Nina Rodrigues escrevesse: "A concepção dos Orixás é francamente politeísta, constitui uma verdadeira mitologia, ao mesmo tempo que sua representação material continua sendo inteiramente fetichista"
Vários outros autores viriam, posteriormente, corrigir tal afirmação, notadamente, Roger Bastide, Edson Carneiro, M.Delafosse, Pierre Verger, L. Solanbê e outros que afirmam a existência, na cultura religiosa dos negros yorubanos, fons e das diversas nações do Sul da África, um Deus Único, Criador de Todas as Coisas, Onisciente e Onipresente.
Este Deus, a que denominam "Olorun", "Olodumare" ou "Olofin", é o Ser que controla o universo e todas as coisas, por intermédio de vários agentes denominados, coletivamente, "Orixás". Dessa forma pode-se distinguir o monoteísmo como base desse tipo de prática religiosa. O Candomblé é, portanto, um culto com características exclusivas que o distingue da forma original ainda hoje praticada na África.
A pretensão existente por parte de seus seguidores de vê-lo assumir o status de religião, é obstaculizada por sua própria estrutura de organização e atuação.
É bem verdade que esse culto está perfeitamente incluído no grupo que engloba os sistemas religiosos primitivos, definidos pela ausência de qualquer tradição escrita, mas onde os rituais proliferam com muito mais constância.

OLORUN, OLODUMARE, OLOFIN - OS NOMES DE DEUS.
Segundo a filosofia religiosa africana, O Criador encontra-se em plano tão superior em relação aos seres humanos e, é de tal forma inexplicável e incompreensível, que inútil seria manter-se um culto específico em sua honra e louvor, já que o Absoluto não pode ser alcançado pelo ser humano em decorrência de suas limitações e imperfeições.
Olorun é o nome mais comumente usado para designar a Divindade Suprema, e esta preferência de uso está ligada à sua aceitação por parte dos islamitas e dos cristãos, que adotaram-no como sinônimo, tanto de Alá, quanto de Jeová.
O termo é fácil de ser analisado e traduzido, uma vez que se compõe de duas palavras apenas: “Ol" de Oni (dono, senhor, chefe) e "Orun" (céu, mundo onde habitam os espíritos mais elevados), formando "Olorun" - Chefe, Proprietário ou Senhor do Céu.
O termo "Olodumare" propõe uma idéia mais completa e de maior significado filosófico. Desmembrando a palavra, encontramos os seguintes componentes: "Ol”, “Odú" e "Mare", que passamos a analisar separadamente.
O prefixo "Ol" resulta da substituição, pelo "l" das letras "n" e "i" da palavra "Oni" (dono, senhor, chefe), prefixo utilizado, modificado, ou em sua forma original, para designar o domínio de alguém sobre alguma coisa (propriedade, profissão, força, aptidão, etc.). Ex.: "Olokun" - Senhor dos Oceanos.
O termo intermediário "Odu", possui diversos significados, dependendo das diferentes entonações na sua pronúncia, que no caso é "ôdu" e que reunido ao prefixo "ol", resulta em "Olodu", cujo significado é: "Aquele que possui o cetro ou a autoridade", ou ainda: "Aquele que é portador de excelentes atributos, que é superior em pureza, grandeza, tamanho e qualidade".
A última palavra componente "mare" é, por sua vez, o resultado do acoplamento de dois termos "ma" e "re", imperativo que significa: "não prossiga", "não vá". A advertência contida no termo, faz referência à incapacidade do ser humano, inerente à sua própria limitação, de decifrar o supremo e sagrado mistério que envolve a existência da Divindade.
Olofin é também uma das designações da Divindade suprema. Quando em extrema aflição, os nagôs costumam solicitar o auxílio divino, invocando os três nomes: Olorun! Olofin! Olodumare

CANDOMBLÉ, UMA RELIGIÃO?
"O termo religião é, de modo quase geral, relacionado com o verbo latino religere: cumprimento consciencioso do dever, respeito a poderes superiores, profunda reflexão. O substantivo religio, relacionado com o verbo, refere-se ao objeto dessa preocupação interior quanto ao objetivo da atividade a ela relacionada. Outro verbo latino posterior é citado como fonte do termo, religare, que implica um relacionamento íntimo e duradouro com o sobrenatural”.2
As religiões pressupõem sistemas de crença, prática e organização, que estabelecem uma ética manifestada no comportamento de seus seguidores no que concerne ao procedimento ritualístico, (práticas padronizadas e invariáveis, por meio das quais os adeptos representam, de forma simbólica, sua relação com os seres sobrenaturais).
Estes rituais compreendem diferentes propostas, como súplicas, adoração, ou tentativa de controle sobre os acontecimentos, o que conduz então, à prática da magia ou da feitiçaria. É o próprio ritual que pode estabelecer um código de comportamento, através do qual os adeptos poderão se organizar.
“A organização religiosa define os membros da comunidade de crentes, tenta manter a tradição e reunir a dissidência, e, através de diferenciação interna, atribui tarefas religiosas aos crentes”3.
Tudo isso exige, para que possa se efetivar, a existência de uma liderança centralizada numa autoridade sacerdotal, individualizada ou composta por um grupo de adeptos de alta hierarquia. A autoridade aí representada é que irá estabelecer a padronização do ritual, o reconhecimento de novos adeptos e a ordenação de novos sacerdotes.
A partir da organização, do estabelecimento de liderança universalmente aceita e reconhecida, da uniformização ritualística e da codificação de éticas comportamentais e procedimentais, o Candomblé poderá então - e só então - atingir o status de religião, na medida em que possui milhares e milhares de seguidores e adeptos, em sua maioria atrelados a falsos líderes que não possuem as verdadeiras atribuições que distinguem os legítimos sacerdotes, devendo-se ressaltar que, o processo iniciático é insuficiente para habilitar o indivíduo no exercício do cargo sacerdotal de hierarquia máxima.
A habilitação ao referido cargo não pressupõe simplesmente que o candidato seja iniciado. É necessário e indispensável que haja para isso, uma determinação dos próprios Orixás, o que só pode ser constatado através da consulta ao Oráculo de Ifá.
A ética religiosa pode, no entanto, ser consoante com o resto do sistema religioso e estar ao mesmo tempo, em contradição formal com ele, o que provoca certas tensões que fornecem novos impulsos, que tendem a produzir mudanças no sistema geral, ocasionando então, o surgimento de um ou vários grupos dissidentes, que, orientados pelos fundamentos principais do grupo originário, determinam, para seus componentes, mudanças no sistema geral e, apartando-se, estabelecem-se como seitas.
A conceituação de "seita" difere suficientemente para que não possa ser aceita como classificação para o Candomblé ao entendermos que: "Uma seita é um grupo religioso formado em protesto a outro grupo religioso, e geralmente se separando dele; sua formação representa a manutenção de credos, práticas rituais e padrões morais, mais comumente considerados pelos membros da seita como um retorno a formas mais antigas e mais puras dessa religião em particular,... ...com o tempo a seita muda para a posição de isolamento limitado, à parte do sistema circundante, ou para um estado de adaptação à ele." 4
Seita seria portanto, o resultado da separação de um grupo dissidente de uma religião, de um culto estabelecido ou até mesmo de outra seita, onde o surgimento de uma nova seita seria o resultado da canalização do descontentamento criado por divergências de qualquer natureza.
O objetivo do grupo dissidente não poderia ser outro senão o de mudar, através de uma ação inovadora, alguns, se não todos os elementos que caracterizam sua própria origem.
Diante do exposto concluímos que, o Candomblé, não podendo ser classificado como uma religião e tampouco como seita por falta de características essenciais, nada mais é do que um culto, subdividido em diversos grupos, com práticas ritualísticas que objetivam manter o sentido religioso original, orientado por liderança individual e geralmente carismática, e não sacerdotal, como era de se esperar.
Como característica comum esses grupos mantém os ritos específicos em homenagem aos Orixás, deidades africanas que servem de base ao sistema religioso em questão e cujo culto é mantido atualmente, muito mais através da manipulação dos adeptos pelo medo, do que por um sentido mais profundo de devoção religiosa.
A base principal do sistema está pautada na relação homem-Orixá, o que deverá ser estudado de forma suscinta para que possamos atingir o objetivo do presente trabalho.
1 - “Representação dos Orixás” ( In Antologia do Negro Brasileiro. P. Alegre, Globo, 1950, pg. 310).
2 - BIRBAUM. Religião - In: Dicionário de Ciências Sociais, Fundação Getúlio Vargas - Rio, 1987
3 - Obra citada - p. 1058, B.3.
4 - Obra citada, p.1104 A.


CAPÍTULO II
ORIXÁS, OS DEUSES DO CANDOMBLÉ
Embora prestando culto a inúmeras entidades ligadas aos Elementos Naturais, o Candomblé é entretanto, uma prática religiosa essencialmente monoteísta, uma vez que está fundamentada na crença da existência de um Deus Uno, origem de todas as coisas e de todos os seres, mesmo daqueles que, segundo Sua determinação, foram encarregados da elaboração do Cosmos e de tudo o que nele exista ou venha a existir.
Estas entidades, divididas hierarquicamente em diversas categorias, são os intermediários entre o homem e a Divindade Suprema, que se manifesta em todos, sem distinção, até mesmo nos seres situados nos mais baixos níveis da hierarquia estabelecida.
É importante ressaltar-se que, pelo menos aparentemente, não existe no Candomblé, qualquer rito destinado especificamente ao culto Divino e isto pode ser explicado pela concepção de seus seguidores relativa ao posicionamento da Divindade em relação ao ser humano. Segundo esta visão, Deus está tão distante do homem, embora paradoxalmente esteja, em essência, presente em cada um de nós, que inútil seria direcionar-lhe preces ou culto, existindo para isto, meios mais eficientes, embora indiretos.
Contradizendo o que vai afirmado acima, localizamos um culto ao Deus Supremo, que configura-se, de forma velada, na única ritualística que, se bem compreendida, pode ser considerada como direcionada a Olodumare numa de Suas mais gratas e sagradas manifestações.
Segundo a filosofia religiosa yorubana, o ser humano é composto de quatro elementos ou corpos que permitem, ao combinarem-se, sua estadia no mundo terreno.
O mais conhecido destes corpos é o físico, denominado "ará" em yoruba. É o corpo material que permite a plena manifestação do ser humano no plano físico e material da existência.
Outro destes elementos, é o denominado "Ojijí", corpo ou forma telúrica, conhecido em outras escolas filosóficas como "sombra" ou "corpo astral". Trata-se de um doble exato de nosso corpo físico, que aprende tudo o que sabemos, adquire todos os nossos costumes, hábitos e vícios; nutre-se dos fluidos exalados pelos alimentos e bebidas por nós consumidos, e que, por este motivo, adquire as nossas preferências alimentares.
Ojijí é uma forma fornecida pela Terra, responsável pela guarda de nosso corpo físico, subsistindo, mesmo depois da sua morte, enquanto este não for inteiramente decomposto e, em forma de pó, entregue à Terra que forneceu toda a matéria de que foi formado.
É Ojijí que apresenta-se sob a denominação de "Egun", depois da morte do corpo físico.
O terceiro corpo é denominado "Emi". Seria também um protótipo criado em plano superior de existência e que serviria de projeto de nosso corpo físico. Emi é o sopro de vida que nos dá o ânimo e conseqüentemente, a condição para viver. Seria portanto o equivalente à alma da cultura judaica-cristã. Passa também por um processo de "morte" que ocorre algum tempo depois da morte física.
O quarto e mais importante componente, é "Iporí", a Essência Divina que, individualizada e desprendida de sua Origem, habita cada um de nós. Iporí teria por sede a cabeça (Ori) e, ao encarnar num novo indivíduo, perde a consciência de sua origem divina, de seus atributos e qualidades, embotado que fica pela queda e aprisionamento na matéria.
É Deus manifestado no homem e daí a revelação de Sri Krishna contida no Bhagavad Gita: "Eu estou em você, mas você não está em Mim..."
Sendo divino, Ipori é imortal e, cumprida mais uma fase de sua escalada evolutiva efetuada em diversas e sucessivas encarnações, retira-se para um local onde irá avaliar seu desempenho na última encarnação e preparar-se para uma outra.
Neste local, que os yorubanos chamam de Orun, assim que lhe seja dada permissão para um novo nascimento, Ipori escolherá seu próprio destino (Odu), assim como escolherá o Ori em que irá habitar na nova encarnação. Ao escolher Ori (cabeça), Iporí escolhe também o corpo, já que o corpo, para os yorubanos, nada mais é que uma extensão da cabeça, sede e comando de todo o conjunto.
Segundo as crenças Yorubanas, a entidade encarregada de modelar ori, Babá Ajalá, é muito velho e descuidado, não mantém um padrão de qualidade em suas obras e, por relaxamento, utiliza-se de diferentes tipos de materiais para confeccionar seus modelos, lançando mão do material que lhe estiver mais próximo no momento em que estiver modelando.
Em decorrência, é muito difícil encontrar-se à disposição, cabeças de boa qualidade, o que justifica a diferença existente na maneira de ser dos seres humanos.
A lenda acima descrita contém importantes revelações esotéricas, fundamentais para a compreensão da relação homem-Orixá, principal fundamento de todo o contexto filosófico.
O que a maioria dos adeptos desconhece é que, são os Orixás que fornecem a matéria com a qual são confeccionados os Oris e desta forma, fica estabelecida a relação existente entre o ser humano e seu Orixá, ou seja, a entidade que forneceu ou "emprestou" a matéria com a qual sua cabeça e, por extensão, seu corpo, foram confeccionados, primeiro num plano superior em que a própria matéria apresenta-se mais sutil, embora essencialmente idêntica ao seu correspondente no plano físico e depois no plano, para nós plenamente perceptível, de forma densa e grosseira.
Babá Ajalá, o Modelador de Cabeças, é o simbolismo através do qual, os yorubanos tentam explicar a diversidade das características do caráter, do biofísico e do próprio desempenho do homem nesta vida.
Estabelecida desta forma, a relação homem-Orixá, resta-nos uma questão de fundamental importância: Por que razão, algumas pessoas são impelidas ou obrigadas a prestarem culto aos seus Orixás, enquanto outras passam pela vida sem sequer tomarem conhecimento de suas existências e, mesmo dentro do culto, observamos que alguns iniciados não são tomados por seus Orixás, embora prestem-lhe regularmente, reverências com sacrifícios e oferendas, como é o caso dos ogans e ekéjis ?
Segundo informações do Dr. J. Olatunji Oxo, nigeriano, sacerdote de Ogun:
"Aos Orixás cabe o direito de, se assim quiserem, cobrar de seus filhos culto e oferendas como forma de "pagamento" (se é admissível o termo), pela utilização da matéria com a qual seus corpos foram confeccionados e que pertence a eles, Orixás."
Nos casos de pessoas que não são submetidas ao fenômeno de incorporação do Orixá, observa-se a superioridade hierárquica do Iporí em relação aos Orixás que, nos casos específicos de Ogans e Ekéjis, não permite que o Orixá, mesmo em se tratando do Olorí (Dono da cabeça) do indivíduo, se aposse ou se manifeste nestas cabeças, o que implica em obliteração parcial e momentânea de sua presença.
Existe no entanto, um culto específico à Iporí, o que significa dizer que, existe um culto específico à Divindade Suprema aí manifestada. Este culto, por demais comum, nem sempre pressupõe iniciação e nunca estabelece vínculo espiritual entre o sacerdote que o oficia e a pessoa que a ele se submete.
De posse desta informação podemos avaliar a importância e a solenidade da referida cerimônia, denominada "Bori" -Ebó Ori- (dar comida à cabeça), para a qual existem várias fórmulas e variações, que vão desde oferendas incruentas, até cerimônias de liturgia complexa conforme a descrita na obra de Pessoa de Barros 5.
A verdade é que, o culto aos Orixás, tem sua origem estabelecida em tempos imemoriais, havendo surgido provavelmente, logo após a antropogênese, assim que o ser humano, dotado da capacidade de raciocínio, percebeu a existência de forças e entidades superiores e com elas estabeleceu um primeiro contato.
O termo "Orixá" é de origem yoruba, pertencendo portanto, à cultura religiosa deste povo e refere-se à Deuses de seu panteão, considerados como regentes das forças da natureza.
As mesmas entidades, com outras denominações, são, sem dúvida, cultuadas por diferentes povos de diferentes organizações culturais, o que nos possibilita afirmar que, seja qual for a religião adotada, o homem religioso sempre presta-lhes culto, embora de formas diferentes.
Para melhor compreensão, selecionamos algumas análises etimológicas do termo "Orixá":
Segundo Abraham, Orixá = Oosà - Divindade yorubana separada de Olórún...6
Fonseca Jr., Orixá = Anjo de Guarda, etimo.: Ori = cabeça, Sa (xa) = guardião - Guardião da Cabeça, Divindade Elementar da Natureza, figura central do culto afro 7.
Os yorubanos acreditam que quando Deus criou o céu e a terra, criou simultaneamente, espíritos e divindades, conhecidos como Orixás, Imolés ou Eboras, para assumirem funções específicas no processo de criação, manutenção e administração do universo.
A diferença existente entre as três categorias de entidades espirituais aqui referidas não está muito bem delineada devido ao tratamento genérico dado a todas, até mesmo pelos próprios yorubanos.
No Brasil os termos Imole e Ebora são praticamente desconhecidos, sendo poucos os adeptos da religião que os utilizem ou saibam o seu significado. Estes dois termos fazem referência às entidades espiritais situadas hierarquicamente, imediatamente abaixo dos verdadeiros Orixás, mais próximas, portanto, dos seres humanos. Entre elas se encontram aqueles que erradamente costumamos denominar Orixás, como Ogun, Oxóssi, Xangô, Oxun, Iyemanjá, etc..
O uso indiscriminado, embora errado, tornou-se um costume generalizado e portanto, plenamente integralizado.
Alguns sacerdotes conceituados afirmam que o termo Orixá deveria ser utilizado exclusivamente em relação aos espíritos genitores que, efetivamente, participaram da criação do universo e que deram origem aos demais, de categoria hierárquica inferior, personificações de fenômenos e de elementos naturais como Terra, Fogo, Água, Ar, rios, lagoas, mares, pedras, montanhas, vegetais, minerais, etc...
Outros seriam ainda, figuras históricas tais como reis, guerreiros, fundadores de cidades, de dinastias, heróis e heroinas que, dado a importância de seus feitos, foram, depois de mortos, deificados e acrescentados ao panteão que, segundo Awolalu, está estimado em mais de 1700 entidades 8.

VODUNS E INKISIS.
Os Voduns são entidades de origem fon, que correspondem aos Orixás dos nagô.
Os fon estabeleceram-se no Brasil, onde receberam o nome genérico de "jêjes", implantando aqui o seu culto, baseado em rica mitologia.
Depois da yorubana, a mitologia jêje é a mais complexa e elevada. Assim como os Nagôs, os jêjes pertencem ao grupo Sudanês, tendo sua origem num mesmo grupo étnico que subdividindo-se, atingiu elevado estágio na evolução cultural.
Atualmente os praticantes da ritualística jêje são oriundos de dois Axés principais, ambos com sede no Estado da Bahia, o Sejá Hundê e o Bogun.
Uma outra casa de jêje considerada por muitos como o maior foco de resistência religiosa e cultural deste grupo étnico, está localizada na rua Senador Costa Rodrigues, 857, em São Luiz do Maranhão.
Conhecida como Casa Grande das Minas, é descrita em detalhes por Nunes Pereira, de cuja obra extraímos o texto que se segue e que por si só, deixa clara a diferença existente entre o Candomblé ali praticado e o que é praticado em outras casas da mesma origem, mas já bastante influenciadas pelo Nagô.
"Os Voduns Mina-Jêjes são alguns do sexo feminino e outros do sexo masculino; uns são moços e outros são velhos.
Os Voduns velhos (homens) são:
Dadá-Hô, Coicinsaba, Zomadone, Bórôtoi, Azacá, Arônôvisavá, Akósapatá, Azilé, Azonsu, Agôngone, Tópa, Lisa ou Olisá, Ajónôtoi, Ajautói, Badé, Loko, Lepon.
Os Voduns velhas (mulheres) são: Sobô, Naiadona, Naêngongon, Naité, Nananbicô, Afru-Fru, Abê.
Os Voduns (Moços) são: Dosu, Apógêvó, Daco, Bosu, Tocé, Tocá, Dosu-Pé, Avérêquête, Apogi, Póli-Boji ou Pódi-Boji, Roeju.
Os Voduns (Moças) são: Ananin, Acoévi ou Assonlévi, Déssé, Sépazin e Boçá.
Além dos Voduns, cultua-se, na Casa das Minas, as Tôbôsis ou Meninas, entidades alegres e gentis que adoram dançar, brincar e comer frutas. Elas se denominam:
Asoabébe, Dágêbe, Omacuibe, Sandolêbê, Ulólôbê, Agôn, Trôtrôbe, Asonlêvive, Révivive, Nanonbêbe, Sanlêvive e Agamavi.
Desta relação destacamos alguns como Badé que no Nagô é Xangô, sendo conhecido também em linguagem fon, como Xeviosô ou Kevioso. Loko, irmão de Badé é o Irôko nagô; Akósapatá é Oxun e Abê (Dona do Mar, Senhora do Mar), seria sem dúvida nenhuma, Olokun que para alguns, é do sexo masculino.
Os Inkisis, são as deidades trazidas e cultuadas pelos povos originários do Sul da África e que, no Brasil, tiveram seus cultos inseridos ao Candomblé. Assim como os Voduns dos fon, correspondem aos Orixás nagô.
Na África o culto a cada Orixá está ligado a uma região, cidade ou estado. Desta forma, Oxalá é cultuado em Ilê Ifé, com Oxalufan em Ifã e Oxaguian em Ejigbo. Ogun Deus da guerra e do ferro, é cultuado em Ekiti e em Ondô; Xangô em Oyó; Logunedé em Ilexá; Oxun em Oxogbo e assim sucessivamente. Estes cultos são realizados em separado e cada Orixá possui seu templo particular onde sacerdotes e fiéis dedicam-se exclusivamente a cada um deles, não ocorrendo, como se verifica nos países americanos como Brasil, Cuba, Haiti e outros, a diversificação de cultos a diferentes Orixás dentro de um mesmo templo e sob a direção de um mesmo sacerdote. Ao adepto africano, membro de uma família ou de um grupo comunitário qualquer, as obrigações e deveres para com o Orixá se limitam a uma ajuda material efetivada através de contribuições que visam a manutenção do templo, a aquisição do material destinado ao culto e ao sustento dos membros do corpo sacerdotal. Sua participação nas cerimônias e festas limita-se a entoar cânticos, dançar e bater palmas em honra e louvor do Orixá. Se atenderem a estas exigências e respeitarem certas proibições alimentares e comportamentais exigidas pelo culto, estão perfeitamente em dia com seu compromisso religioso.
Em alguns casos, o que é considerado como grande honraria, o adepto é escolhido para compor o corpo de sacerdotes, solicitação feita sempre pelo Orixá e que, independente do cargo a ser ocupado ou função a ser exercida, deverá ser prontamente atendida, sendo necessário para tal, que seja submetido a uma iniciação específica.
Quando um africano se afasta de sua comunidade o Orixá individualiza-se e, da mesma forma que seu filho, separa-se do grupo familiar ou comunitário a que pertence.
No Brasil, ao contrário do que acontece na África, cada indivíduo deve assegurar o atendimento das exigências de seu Orixá devendo para isto, seguir a orientação de um Babalorixá ou de uma Iyalorixá com casa de Candomblé estabelecida e pertencente à uma linhagem reconhecidamente originária da África.
No caso de ser necessário submeter alguém à uma iniciação (aqui denominada feitura-de-Santo), o Babalorixá ou a Iyalorixá ficará incumbido de levar a bom termo o cerimonial, responsabilizando-se não só pelo seu sucesso, como também pelo equilíbrio que deve estabelecer-se, a partir de então, entre o iniciando e seu Orixá, o que se configura num vínculo que não pode ser rompido sejam quais forem as circunstâncias.
Na feitura, o Orixá recebe seu assentamento que, dependendo da nação em que haja sido feito, varia em forma e elementos componentes, verificando-se no entanto, a existência de um componente comum a todas as nações, o okutá.
O okutá é uma pedra sacralizada ao Orixá, sendo sua própria representação e sobre a qual são oferecidos os sacrifícios propiciatórios a ele endereçados.
O assentamento ou igbá do Orixá recém feito é depositado no quarto de seu correspondente na casa, simbolizando o reagrupamento do que um dia, por qualquer motivo, tenha sido dispersado.
No Brasil é costume manter-se o igbá do Orixá do iniciado junto ao do Santo da Casa durante sete anos, tempo exigido para que o iniciado, após fazer as "obrigações" de praxe, receba um grau hierárquico mais alto, quando poderá, se assim quiser, levar seu Orixá para sua casa ou, se tiver cargo para tal, abrir seu próprio Candomblé, o que por certo implica num complexo procedimento ritualístico que não pode nem deve ser descrito em suas minúcias.
Em Cuba, onde o culto recebe o nome de Santeria, segundo informações do Babalaô Rafael Zamora (Ifa Bii Ogundakete), o igbá do iniciando permanece na "Casa de Santo" somente durante os três meses subseqüentes ao "dia do nome", ocasião em que, em cerimônia pública, o Orixá traz o seu nome ao conhecimento de todos, o que caracteriza que realmente "está feito". Este costume, segundo Zamora, prende-se ao fato de que o Orixá em questão pertence ao seu filho e não ao sacerdote que o consagrou, o que implica num contato diário entre o iniciado e seu Orixá, contato este considerado indispensável e obrigatório.
Sobre o ritual cubano é ainda Zamora que nos informa : "Logo após realizar um ebó que se faz três meses depois do dia do nome, o iniciado leva seus Santos para casa, podendo colocá-los em qualquer de suas dependências. O importante é que estejam sempre juntos.
O iyawo tem que, todos os dias, logo que despertar, lavar a boca e, antes de falar com qualquer pessoa, "bater cabeça" para seu Orixá, saudá-lo conforme tenha aprendido e pedir-lhe tudo o que deseja de bom para si, seus familiares e amigos. Nunca se deve pedir coisas ruins aos Orixás, pois isto é uma atitude condenável e desrespeitosa, que pode provocar a sua fúria e resultar em severas punições ".
5 -"A Galinha d’angola ". Vogel,Arno - Silva Mello,M.A.da - Pessoa de Barros, J.F. -Pallas Ed.- Rio - 1993.
6 - Abraham, R.C. - Dictionary of Modern Yoruba - London - 1958..
7 - Fonseca Jr., E. - Dicionário Yoruba (Nagô)-Português - 1983.
8 - J.O. Awolalu - Yoruba Beliefes and Sacrificial Rites - Longman Group Limited - 1979.

CAPÍTULO III
A INICIAÇÃO
Dentre os aspectos comuns às diversas formas de culto, distinguimos o fenômeno da possessão pelos Orixás, de forma ordenada e pressupondo sempre um processo de iniciação com características definidas.
A iniciação não é feita por simples vontade do adepto mas sim, por determinação de seu Orixá, o que ocorre quase sempre de maneira inesperada: ou a pessoa começa a sofrer diferentes tipos de perturbações em sua vida, sejam de ordem psíquica ou de qualquer outra ordem, mas que servem sempre de sinal para que se constate a chamada da divindade, ou a entidade se apossa violenta e repentinamente de seu filho, lançando-o ao solo, absolutamente inconsciente, fenômeno que é conhecido, dentro das casas de candomblé como "bolação". A partir desse momento, sob pena de vários problemas que poderão advir, o indivíduo escolhido deverá submeter-se à iniciação no culto, sob a orientação do chefe do terreiro denominado Babalorixá (pai-de-santo) ou Iyalorixá (mãe-de-santo).
A iniciação tem por finalidade, além de estabelecer um vínculo definitivo e irreversível entre o Orixá e o iniciando, desenvolver a capacidade de desdobramento da personalidade deste último que deverá, a partir de então, ser eventualmente substituída pela da Divindade a que tenha sido consagrado, que se manifestará através de incorporação ou possessão.
A possessão deverá ser plenamente assumida e, no período de enclausuramento exigido pelo processo iniciático, os eleitos aprendem, sob a orientação de um iniciado de cargo sacerdotal, técnicas corporais estereotipadas, danças representativas de seu Orixá, rezas, cânticos e posturas procedimentais adequadas à sua nova condição religiosa.
"...O Deus pode, desde logo, apoderar-se do corpo de sua filha, cuja personalidade desaparece momentaneamente para ser substituída pela do Orixá individual. O ser humano possui, portanto, desde que iniciado, feito, duas personalidades aparentadas. A primeira é aquela que deriva da família imediata, do ambiente em que o indivíduo nasceu e cresceu. A segunda é a de um antepassado mítico, de um pai sobrenatural que se desenvolve a partir da iniciação e se manifesta na possessão" 1.
Segundo Pierre Verger: "A iniciação não comporta essencialmente a revelação de um segredo; ela cria no noviço uma segunda personalidade, um desdobramento místico inconsciente" 2.
É Exú quem, representando a coletividade dos Orixás, irá promover a transformação desejada, ensejando o surgimento da personalidade do iniciado em substituição à personalidade do ser profano.
A verdadeira iniciação há de ser, de certa forma, uma experiência dolorosa, durante a qual, a personalidade profana permanece como morta, ressuscitando em seguida já dotada das características que distinguem o iniciado. Por este motivo os adeptos costumam referir-se ao processo de iniciação utilizando-se do termo "passar pelo sacrifício" o que sem dúvida é revelador das condições às quais são submetidos durante o processo.
Conta um itan do Odu Oxefun, que certo dia, Oxun recebeu de Obatalá, a ordem de iniciar o primeiro ser humano no culto aos Orixás.
Havendo selecionado entre muitos, aquele que viria a ser o primeiro iniciado, Oxun tratou de seguir as orientações fornecidas pelo grande Orixá-Funfun, contando para isto com o auxílio de Elegbara e Osaiyn, além das orientações de Orunmilá.
Todos os preceitos foram seguidos à risca e era Orunmilá, através da consulta ao oráculo, quem traduzia as orientações emanadas de Obatalá.
Ao fim da cerimônia, verificou-se uma total mudança na personalidade do iniciado que, de pessoa comum, transformou-se num ser excepcional, dotado de profundo sentimento religioso e plena dedicação ao culto para o qual havia sido preparado.
Diante deste fato, Oxun, percebendo que jamais seria possível a obtenção de um ser humano de tantas qualidades, intercedeu junto ao Grande Orixá para que o sacerdote fosse preservado do toque de Iku.
Obatalá, em sua imensa sabedoria, não querendo interferir na lei natural que determina que todos os seres vivos devem um dia ser entregues aos cuidados de Iku, admitiu a possibilidade de eternizar, apenas simbolicamente, aquele a quem foi confiada a propagação de sua própria religião e desta forma, ordenou que sobre sua cabeça fosse colocado o oxú, transformando-o, imediatamente, numa ave a que deu o nome de Etú (galinha d'Angola) .
Quando o iyawo é recolhido, depois dos preceitos obrigatórios à Egun e Exú, que não nos cabe descrever no presente ensaio, será então colocado em contato direto com os primeiros procedimentos litúrgicos que visam o processo de transmissão do Axé.
Durante a cerimônia de iniciação, procede-se a um ritual denominado Sasaiyn, em louvor do Orixá Osaiyn, dono e senhor de todos os vegetais e, por conseguinte, das folhas sagradas, indispensáveis em qualquer procedimento litúrgico, o que é confirmado pela máxima yoruba: "Kosi ewé, kosi Orixá", (sem folhas, sem Orixá), o que ocorre no terceiro dia de enclausuramento do iniciando.
A seleção das folhas litúrgicas utilizadas neste cerimonial varia de casa para casa, o que significa dizer que, embora seja estritamente obrigatória a presença das folhas do Orixá que está sendo feito, alguns sacerdotes acrescentam também as folhas de seu próprio Orixá, outros juntam aí, as folhas do juntó do iyawo, como também folhas específicas de Obatalá.
Os Orixás são invocados e seus poderes individuais são catalisados em forma de Axé, que Exú, em sua função de elemento transportador, irá direcionar em favor do iyawo, para que a metamorfose possa se concretizar plenamente.
O ritual divide-se em duas partes distintas. Na primeira parte somente as energias geradoras são invocadas, com exceção de Oxalá, que embora sendo um Orixá gerador, por uma questão de hierarquia, é invocado e saudado no final da segunda parte, quando os Orixás provedores são homenageados e têm seus poderes invocados em favor do iyawo. 3
Exú não cria nem se intitula pai de nada nem de ninguém, limitando-se, outrossim, a promover transformações em todos os sentidos.
Alguns Orixás, por acumularem as funções de provedores e geradores, são invocados nas duas etapas do rito. Para melhor compreensão das funções específicas de cada Orixá, os sacerdotes do culto dividiram-nos em duas categorias, nas quais não são considerados seus posicionamentos hierárquicos. (Nestas categorias são classificados como Orixás geradores e Orixás provedores).
Como Orixás geradores são considerados todos aqueles que, de alguma forma, possuem o poder de gerar qualquer tipo de manifestação de vida, e dentre eles encontramos: Iyemanjá, Nanã, Ogun, Omolú, Oxalá, Oxun, Oyá e Xangô
Os Orixás provedores são todos aqueles que têm, como atribuição, suprir, em todos os aspectos, as necessidades dos seres gerados pelas entidades anteriormente relacionadas. São eles: Exú, Iyemanjá, Logunedé, Nanã, Obá, Ogun, Omolú, Osaiyn, Oxalá, Oxóssi, Oxumarê, Oxun e Yewá.
Como podemos observar, Ogun, Iyemanjá, Nanã, Omolú e Oxun, por acumularem as duas funções, são relacionados nas duas categorias.
O Olorí do iyawo será sempre invocado nas duas partes do ritual, independente de pertencer a qualquer dos dois aspectos.
A primeira parte do rito precede ao "orô do labé", durante o qual, o iniciando é submetido à raspagem de cabeça, além de outros procedimentos indispensáveis à sua consagração ao Orixá.
A finalidade, como afirmamos acima, é obter-se o consentimento dos Orixás geradores, para que possa ocorrer o surgimento de uma nova personalidade, dotada de um caráter religioso que deverá sobrepor-se, definitivamente, à personalidade anterior. É necessário que as entidades invocadas emprestem seu Axé ou força propulsora, para que o fenômeno possa se verificar com pleno sucesso e sem a interferência de outros seres espirituais, como Egun e Ajé que, por qualquer motivo, queiram interferir no processo o que, sem sombra de dúvidas, resultará num fracasso total, cujas conseqüências podem ser altamente negativas.

ORIXÁ FUNFUN - A MAIS ALTA HIERARQUIA
Como vimos, as divindades africanas estão separadas em duas categorias hierárquicas. Na categoria mais elevada, encontram-se as entidades que participaram da criação do universo, consideradas como ancestrais espirituais de tudo quanto possa ocorrer nos dois planos de existência, chamadas, para diferenciá-las das demais, de "Orixás Funfun" (Orixás Brancos).
Neste aspecto, a filosofia religiosa yorubana em muito se assemelha à budista que afirma que, "Não há um criador, mas uma infinidade de potências criadoras que formam em seu conjunto, a substância Una e Eterna, cuja essência é inescrutável e por conseguinte, insuscetível de qualquer especulação por parte de um verdadeiro filósofo". 4
Sendo emanações diretas de Olorun, os Orixás Funfun são portanto, os seres mais elevados da escala da existência, encontrando-se no mesmo nível dos Arcanjos do cristianismo e dos "Filhos Maiores Nascidos da Mente de Brahma" descritos nos Vedas, denominados Devas, Pitris, Rishis, etc... Estas Divindades Criadoras são encabeçadas por Obatalá, O Senhor das Vestes Brancas, também conhecido como Orixánlá ou Oxalá. Oxalá é o Sopro Divino, a primeira manifestação individualizada de Olorun que é a vida una, eterna, invisível, mas onipresente; sem princípio e sem fim; inconsciente, mas Consciência Absoluta; incompreensível, mas realidade existente por si mesma. Oxalá o Sopro-Divino, provoca o movimento que fecunda e energisa o Eterno em repouso no Oceano-do-não-ser, onde tudo existe sem forma e, ocasionando o surgimento da diferenciação, desperta o Plano Divino, onde jaz oculta a elaboração de todos os seres e coisas futuras.
Obatalá, o Primogênito Divino, ao fecundar o Oceano Caótico composto de matéria inerte e informe, provoca a explosão da vida, ocasionando a primeira manifestação da Natureza, feminina, porque passiva.
Tudo o que exista ou possa existir é oriundo desta essência até então inerte e que, após haver sido tocada, fecundada pelo princípio masculino, manifesta-se e recebe o nome de Oduduwa.
As Águas-Abstratas-do-Espaço transformam-se nas Águas-da-Substância-Concreta, impulsionadas por Obatalá que é na realidade, o Verbo ou Logos manifestado que, por sua ação fecundadora, representa o princípio masculino da criação, longe portanto de ser andrógino como propõem alguns iniciados ao afirmarem ser ele, a um só tempo, macho e fêmea.
Os Orixás Funfun são, em última análise, entidades da mesma categoria que Madame Blavatski classifica os Seres Primordiais, "Dhyân Chohans dos ocultistas, Rishi-Prajâpati dos induístas, Elohim ou Filhos de Deus dos judeus, Espíritos Planetários de todas as nações que, sendo considerados deuses, foram adorados e cultuados pelos homens." 5
Verger afirma que ..."os Orixás Funfun são em número de cento e cinqüenta e quatro,...Orixá Olufón Ajígunà Koari; Orixá Ogíyan Ewúleé Jigbo; Orixá Obaníjita; Orixá Akire; Orixá Eteko Oba Dugbe; Orixá Olojo; Orixá Arowu; Orixá Onírinjà; Orixá Ajagemo; Orixá Jayé; Orixá Rówu; Orixá Olóba; Orixá Oluofin; Orixá Eguin; Etc... 6
1 - LÉPINE, C. Contribuição ao estudo do sistema de classificação dos tipos psicológicos no Candomblé Kétu de Salvador. São Paulo, USP, 1978. Tese de doutorado. - Yoruba Beliefes and Sacrificial Rites - Longman Group Limited - 1979.
2 - Dieux d'Afrique. Paris, Paul Hartmann, 1957
3 - Oxalá e Exú acumulam as funções de geradores e de provedores dentro do contexto religioso, muito embora não se reconheça em Exú o poder de geração e sim o de transmutação.
4 - Blavatsky, H.P. - A Doutrina Secreta. Síntese de Ciência, Filosofia e Religião. Ed. Pensamento.
5 - Obra citada.
6 - Verger, P.F. - Os Orixás - Ed. Corrupio - 1981).

OXALÁ/OBATALÁ
Considerado como a mais importante Divindade no contexto religioso, Oxalá é cultuado em todo o território de cultura yorubana, com nomes diversos que variam de uma região para outra. Em Ile Ifé, Ibadan e outras localidades é conhecido como Orixan'la; na região de Ogbomosó é chamado de Orixá Pópó; em Ejigbo, Orixá Ogiyán; em Ijàyie, Orixá Ijàiye; em Ugbo, Orixá Onilé.
Oxalá é o Orixá do Branco, símbolo da pureza incontestável. Detentor do princípio genitor masculino, qualquer oferenda a ele dedicada deve ser composta de elementos inteiramente brancos.
É Juana Elbein dos Santos quem afirma que "O obí, a oferenda por excelência para os Funfun, é o obí ifin, o obí branco; todos os animais, aves ou quadrúpedes, devem ser dessa cor. O sangue vegetal é simbolizado pelo ori, manteiga vegetal, e pelo algodão; o sangue mineral pelo giz e o chumbo. Sua oferenda preferida é o sangue branco do igbin (caracol), equiparado ao sêmen, do qual os Irunmale da direita são os detentores por excelência." 1
Dentre as principais atribuições de Oxalá, está o completo domínio sobre a vida e a morte representado pelo "alá" - emblema-símbolo composto de um pano de brancura imaculada que mantém estendido, como forma de proteção, sobre as diversas formas de vida que ocorrem nos dois planos de existência. Oxalá é o Sopro Divino, a primeira manifestação individualizada de Olorun, que dá início a todo o processo da existência diferenciada.
ODUDUWA
Oduduwa é um Orixá sobre o qual existe muita discordância dos adeptos do culto. Se Oxalá representa o princípio masculino-ativo da criação, Oduduwa é a representação do princípio feminino-passivo, do qual surge a vida após o processo de "fecundação".
Oduduwa é um Orixá Funfun absolutamente diferente dos demais, embora semelhante em essência, é feminina, sendo cultuada em diversas regiões como esposa de Oxalá, embora seja, em princípio, sua irmã.
Uma grande controvérsia foi criada em torno deste Orixá colocando em dúvida não somente o seu gênero, como também seu status no complexo teogônico desta religião.
Oduduwa um Orixá-Funfun feminino ou um ancestral masculino divinizado por seus feitos notáveis?
Segundo determinadas correntes mais atreladas às explicações científicas que às filosóficas, Oduduwa teria sido o fundador de Ifé, capital espiritual do povo Yoruba e fundador da dinastia que deu origem à esta etnia.
Fonseca Júnior propõe para o nome de Oduduwa a seguinte análise etimológica: Odu-(ti-o): recipiente auto-gerador; Da: Criador(a); Iwa: Existência: Oduduwa; O Ser Criador da Existência Terrena.
É o mesmo autor que, em referência a Oduduwa (personagem histórico), apresenta a seguinte teoria: "...presume-se que Oduduwa teria ido para a África a mando de Olodumare (Jeovah), para redimir os descendentes de Caim (Hetentotes) que, a semelhança de seu ancestral, carregavam o sinal da Besta na testa. (Gen.4,cap.15/16)". Mais adiante, Fonseca Jr. explica:
2 - Após o pacto semelhante ao que foi feito entre Deus e Abraão, Ninrod troca de nome passando a chamar-se Oduduwa;
3 - Oduduwa (Ninrod), filho de Olodumare (Jeovah), parte para a terra prometida. (Vide Gênesis, 12-1/2/3; Gen.17-4/5/6;
4 - Ninrod era descendente de Noé, neto de Cam (Camita) e filho de Cusi (kusi). (Gen.10-8/9);
5 - Abrahão (ex-Abrão), descendente de Sem (Semita) e Oduduwa (ex-Ninrod), descendente de Cam (Camita), eram parentes.“2
A explicação de Fonseca Júnior parece aumentar ainda mais a confusão que teria sido gerada, segundo nos parece, num simples caso de homonímia verificado quando o personagem histórico (masculino), fundador de Ile Ifé, resolveu adotar, quiçá por determinação religiosa, o nome do Orixá (feminino) a quem é atribuída a "fundação" da Terra em que habitamos. A tradição cuidou de alimentar a confusão, existindo ainda hoje em Ile Ifé, um marco monolítico adornado de misteriosos sinais, denominado "Opá Oraniyan" que acredita-se, demarque o local exato da fundação da Terra. O mesmo monumento serve de túmulo a Oraniyan, rei dos yorubanos, bisneto de Oduduwa e pai de Xangô e de Ajaká.
Pierre Verger toma posição diante da questão, afirmando ser Oduduwa ..."um personagem histórico, guerreiro terrível, invasor e vencedor dos Igbo, fundador da cidade de Ile Ifé e pai de reis de diversas nações yorubas" .3
Segundo Verger, foi o Padre Baudin que primeiro classificou, em seu livro sobre religiões de Porto Novo, Oduduwa como Orixá, sendo posteriormente seguido nesta teoria por ..."compiladores encabeçados pelo tenente-coronel A.E. Ellis... A obra de Ellis foi o ponto de partida de uma série de livros escritos por autores que se copiaram uns aos outros..."
Verger confessa comungar da opinião do Reverendo Bolaji Idowu quando este afirma que "Oduduwa tornou-se objeto de culto após sua morte, estabelecido no âmbito do culto dos ancestrais (e não das divindades)".
Para reforçar ainda mais sua tese, o cientista continua: "A respeito de Oduduwa, acumulou-se com o tempo, uma vasta documentação escrita, tida como erudita porque é constituída de textos, a única valiosa aos olhos dos letrados, mesmo que estes textos estejam inspirados por escritos anteriores, inexatos e contrários à verdade". 4
O que o grande mestre francês esqueceu-se de citar seria talvez, a primeira pista esclarecedora, quando o próprio Idowu, na mesma obra, relata que "Até mesmo em Ile Ifé onde predominam os cultos às divindades masculinas, existe na liturgia, fortes indícios de tratar-se de uma Deusa, uma Divindade Feminina. Em alguns pontos esclarecedores desta liturgia, pode-se encontrar o termo "Iya Male" (Mãe das Divindades ou Mãe Divina)... 5
..."Em Adó, Oduduwa é irrefutavelmente uma Deusa... e parte da liturgia começa desta forma:
Iya dakun gba wa o; - Oh Mãe! nós suplicamos que nos libertes;
ki o to ni to mo; - olhai por nós, olhai por nossos filhos;
ogbebi l'Adó ! - Tu és aquela que te estabelecestes em Adó!" 6
O pequeno detalhe omitido é suficiente para concluirmos que existe na verdade, um culto a um Orixá denominado Oduduwa e que este Orixá é feminino, o que vem a coincidir com nossa opinião.
EXÚ - O EIXO DO SISTEMA RELIGIOSO.
Exú é a divindade de maior atuação no contexto religioso do Candomblé.
Resultado da interação Obatalá-Oduduwa, é o primeiro elemento procriado e que, esotéricamente, seria a energia que reúne os átomos, possibilitando a diferenciação da matéria a partir de uma essência única. É o grande transformador, o comunicador, o intermediário entre os homens e as Divindades e entre estas e o Supremo Criador. O termo "Exú" pode ser traduzido como esfera.
Exú, Elegbara, Elegba ou ainda Legba, seriam os nomes pelos quais é conhecido este poderoso Orixá, o primeiro criado por Obatalá e Oduduwa, tendo Ogun como irmão mais novo.
O culto de Exú é muito individual, cada indivíduo, assim como cada coisa possui o seu Legba, podendo portanto, edificar o seu assentamento, onde poderá cultuá-lo e apaziguá-lo.
Entre os fons, existem diversos Legbas, ou diferentes manifestações de um mesmo Vodun, que recebem os seguintes nomes e características:
Axi-Legba: O Legba dos mercados e feiras.
Agbonosu (Rei do portal): Representado por uma pequena escultura em barro colocado nas portas de entrada. É um Legba individual.
To-Legba: Protetor de uma cidade ou aldeia. É um Legba coletivo.
Zãgbeto-Legba: Protetor dos caçadores noturnos. Segundo se afirma, possui cornos.
Hun-Legba: Defensor dos templos. É Legba individual de cada Voduns.
Legba Agbãnukwe: O que fala no jogo de búzios. Corresponde a Exú Akesan. É o protetor, servidor e executor de Ifá. É ele que recebe os sacrifícios determinados por Ifá e deve ser sempre servido em primeiro lugar. Não existe nenhuma diferença de atribuições de Agbonosu e Agbãnukwe. Se o primeiro protege a casa contra a possível entrada de malefícios, o segundo, que deve permanecer num quarto dentro de casa, protege contra a negatividade dos próprios habitantes da mesma.
Certos signos de Ifá, tais como Ofun Meji, Ogbe-Fun, Oxetura e Fu-Yeku, exigem que seja feito um assento muito especial, denominado Legba Jobiona, onde os dois Legbas citados, são cultuados em conjunto, com a função de proteger a casa e toda a sua periferia. Este Legba excepcional exige obís de tantos quantos o visitem. Segundo a tradição nagô, somente os grandes Babalawos podem possuí-lo.
Possuímos ainda informações da existência de um Legba com quatro cabeças, denominado Legba Aóvi, surgido do Odu Jaga (nome dado aos Odus Oxe-Irete e Irete-Oxe, signos cujos nomes não devem ser pronunciados em decorrência da grande carga de negatividade de que são portadores. Um outro nome usado para mencionar estes Odus, é Gadeglido.
Os Odu-Ifá que falam exclusivamente de Legba, são Odi-Gundá, Gunda-Di e Di-Turukpon.
Por sua importância e atributos, Exú é sempre o primeiro a ser homenageado e cultuado em todos os procedimentos ritualísticos. Seu caráter é ambíguo e faz o mal ou o bem de acordo com sua própria conveniência.
A atitude do africano diante desta divindade é de verdadeiro pavor, devido ao seu poder de atuação sobre a vida e a morte, o sucesso e o fracasso, a riqueza e a miséria, de acordo com as determinações de Olodumare, de quem é o executor de ordens. Por este motivo, todos os seguidores da religião, procuram estar bem com ele, evitando desagradá-lo para não se exporem à sua ira.
Bi á bá rúbo, ki á mú t'Exú kuro - "Quando qualquer sacrifício é oferecido, a parte que cabe à Exú deve ser depositada diante dele".
Esta regra deve ser sempre observada porque desta forma evita-se que, com atitudes maliciosas, Exú venha a ocasionar contratempos e confusões de todos os tipos.
Numa das mais importantes louvações de Exú, encontramos a expressão “Exú, otá Orixá” - "Exú, o adversário dos Orixás" - o que reafirma os constantes problemas existentes entre eles, ocasionados pela disputa do poder e da autoridade.
Entre os muitos nomes ou títulos honoríficos de Exú, destacamos:
Logemo orun: Indulgente filho do céu.
A n'la ka'lu: Aquele cuja grandiosidade se manifesta em plena praça.
Pápá Wàrà: Aquele que apressadamente, faz com que as coisas aconteçam de repente.
A túká ma xe xa: O que ele quebra em pequenos pedaços jamais poderá ser reconstituído.
Exú possui muitos emblemas, como a laterita, imagens de madeira ou de barro sempre encimadas por uma lâmina ou ponta afiada, bastões fálicos, etc...
No Brasil, por influência do cristianismo, esta magnífica entidade foi comparada ao diabo e, deste sincretismo, criou-se a imagem de Exú provida de rabo e chifres, portando tridentes e por vezes, dotado de asas como as dos morcegos.
Se por um lado houve a intenção, por parte dos antigos missionários cristãos, de desmoralizar Exú, devemos levar em conta que, deixadas de lado as conotações maléficas injustas e incompreensíveis atribuídas à Lúcifer (O Portador de Luz), Exú poderia perfeitamente ser comparado a esta magnífica entidade espiritual ao compreendermos suas verdadeiras funções e atribuições.
Nas práticas umbandistas encontramos um outro tipo de manifestação de espíritos aos quais, talvez por influência do sincretismo com o Diabo, convencionou-se dar o nome de Exú.
Estas entidades, que se apresentam sob diversas denominações tais como, Marabô, Tranca-Ruas, Veludo, Caveira, Pomba Gira, Maria Padilha, Molambo, etc., são na verdade, eguns, que se manifestam em seus médiuns para cumprirem as missões que lhes foram impostas, da mesma forma de outras que se apresentam como pretos-velhos, caboclos, boiadeiros, ciganos, etc.
É necessário que se saiba a diferença entre Exú-Orixá e estes outros tipos de entidades, que não se encontram na mesma categoria hierárquica e que devem ser tratados e reverenciados, de forma diferente e específica, mas que, independente de não serem Orixás, possuem força e poder para resolverem problemas e prestarem auxílio a tantos quantos a eles recorram.
O Orixá Exú é o único dentre todos os demais, que tem seu campo de ação ilimitado, podendo atuar em todos os níveis da existência universal, permitindo por este motivo, que seja classificado tanto como Funfun como também como Ebora, tamanho é o seu poder de agir livremente.

1 - Santos, J.E. - Os Nagô e a Morte. Padê, Axexe e o Culto Egun na Bahia. - Vozes - Petrópolis - 1986..
2 - Obra citada.
3 - 0bra citada.
4 - Obra citada.
5 - Idowu, E.B. - Olodumare, God in Yoruba Belief - Longmans - 1962..
6 - Idowu, E.B. - Obra citada.
ADIMU - OFERENDAS AOS ORIXÁS
2ª Parte
AS OFERENDAS
Dentro do culto aos Orixás, o mais importante são as oferendas aos Orixás, que têm por finalidade manter o equilíbrio das relações entre eles e os seres humanos.
É através das consultas ao Oráculo de Ifá, que as pessoas, mesmo as não iniciadas, são informadas a respeito das exigências de seus Orixás e principalmente de Exú, relativas às oferendas que desejam receber.
Nem sempre estas exigências são estabelecidas pela relação anteriormente explicada entre o ser humano e seu Orixá de cabeça, muitas das vezes, é um outro Orixá quem se oferece para solucionar um determinado problema ou alguma dificuldade que está sendo vivenciada e, em troca, exige algum tipo de sacrifício em seu louvor.
Algumas vezes, pessoas atormentadas pelos mais diversos tipos de dificuldades, recorrem aos préstimos de algum Orixá, oferecendo algum tipo de sacrifício como penhor de sua confiança e de sua fé, da mesma forma que os católicos recorrem aos seus santos, implorando graças e fazendo promessas que, invariavelmente, são pagas somente após a obtenção da graça solicitada.
Os sacrifícios oferecidos aos Orixás, são genericamente denominados "ebós" que se dividem em "ejenbale" (sacrifícios com derramamento de sangue) e "adimús" (sacrifícios incruentos).
Os ebós ejenbale, dividem-se em diversos tipos, exigindo sempre o derramamento de sangue de algum tipo de animal que pode ser uma ave, um quadrúpede ou até mesmo um simples caramujo. Dentre os mais conhecidos, destacamos:
Ebó ejé: Oferenda votiva que tem por finalidade obter determinado favorecimento ou graça de uma Divindade.
Ebó etutu: Sacrifício de apaziguamento. Este tipo de sacrifício é geralmente determinado pelo Oráculo e tem por finalidade acalmar a ira ou o descontentamento de uma entidade qualquer.
Ebó a ye ipin ohun: Sacrifício substitutivo. Tem por finalidade substituir a morte de alguém pela oferenda determinada pelo Oráculo, no Brasil, este sacrifício é vulgarmente conhecido como "ebó de troca".
Ebó ba mi d'iya: Sacrifício que visa atenuar uma punição de morte imposta à uma pessoa por um Orixá ou por um espírito maligno. Neste caso, como no anterior, um carneiro é sacrificado em substituição ao ser humano.
Ebó Ogunkojà: Sacrifício preventivo que pode ser público ou individual. Tem por finalidade evitar qualquer tipo de acontecimento nefasto que ameace a pessoa (individual) ou até mesmo uma cidade ou aldeia (público).
Ebó a d'ibode: Trata-se de um sacrifício propiciatório e preventivo. Este sacrifício é oferecido na fundação de uma casa, aldeia ou cidade e tem por finalidade acalmar os espíritos da terra no local da fundação. Antigamente, este ebó exigia o sacrifício de seres humanos que hoje em dia, foram substituídos por diversos animais.
Como podemos observar, o sacrifício de seres humanos era exigido nos primórdios do culto o que, sem dúvida, seria hoje considerado um absurdo, além de configurar-se, seja em qual for a circunstância, em homicídio, selvageria e falta de respeito ao ser humano.
Da mesma forma, o derramamento do sangue de animais, só deve ocorrer em situações de extrema necessidade e em casos em que não possam ser substituídos por outras oferendas pois, se os Orixás, acostumados que eram a receberem sacrifícios humanos, concordaram na substituição dos mesmos pelos sacrifícios de animais, é fácil deduzir-se que estes podem também dar lugar a sacrifícios de minerais, vegetais e objetos de seu agrado.
Adentramos uma nova era em que todas as formas de vida adquirem sua valorização máxima e a vida dos animais, da mesma forma que a dos seres humanos, há que ser respeitada e preservada ao extremo. É chegada a hora de darmos um basta ao inútil derramamento de sangue que, ao invés de apaziguar os nossos deuses, só conseguem despertar a sua ira, tornando-os intolerantes e cada dia mais distantes de nós.
É necessário que se desperte nos adeptos do Candomblé a consciência do respeito devido a todas as formas de vida animal, cujo sacrifício só pode ser efetivado em casos excepcionalíssimos e quando todos os demais recursos hajam sido esgotados.
É num itan de Ifá, do Odu Odi Meji, que encontramos a fundamentação para as afirmações anteriormente feitas:
Odi Meji disse: "Metolõfi, por avareza, não quis sacrificar um boi de malhas brancas e a morte veio buscá-lo."
Quando Ifá estava ainda no ventre de sua mãe, pediu que seu pai pegasse um boi malhado de branco e oferecesse em sacrifício, a fim de evitar que dentro de três anos, uma guerra viesse dizimar o seu reino. Seu pai negligenciou o sacrifício e no dia do nascimento de Ifá, seu pai morreu e sua mãe foi capturada como escrava.
Três anos depois, a guerra arrasou o país e Ifá mandou que Ajinoto, a parteira, o encerrasse dentro de uma cabaça, de forma que ninguém o pudesse ver. A parteira foi encarregada também, de avisá-lo logo que alguém passasse por perto, para que ele revelasse ao passante, a causa de seus sofrimentos e os remédios e sacrifícios que resolveriam todos os seus problemas.
Tudo ocorreu da forma como Ifá planejara e o homem que passou naquele local, não hesitou em levar para sua casa, a cabaça onde Ifá havia sido encerrado.
Para deslumbramento de todos, Ifá, de dentro da cabaça, dava conselhos, receitava medicamentos e resolvia os mais difíceis problemas.
Um dia Ifá ordenou que alguém se dirigisse ao mercado onde, pelo preço de quarenta e um caurís, deveria comprar sua mãe que estava sendo vendida junto com outras escravas. "A primeira mulher que for oferecida deve ser comprada, pois esta é minha mãe."
Naquela época Ifá costumava aceitar sacrifícios humanos no festival de Fanuwiwa.
Quando a escrava adquirida no mercado foi trazida, Ifá ordenou que lhe fosse entregue uma certa quantidade de milho, para que pilasse e transformasse em farinha destinada à preparação o amiwo.
Enquanto pilava o milho, a mulher ouvia os fiéis invocando Ifá:
"Orunmilá! Akefoye! Agbo wi dudu hu do fe to!" (Orunmilá! Akefoye! Se teu nome é Ifá, jamais esquecerás de mim!).
Reconhecendo em Ifá o seu próprio filho, a pobre mulher pôs-se a cantar, em voz alta, a saudação que ouvia:
"Orunmilá! Akefoye! Agbo wi dudu hu do fe to!"
As pessoas contaram a Ifá sobre a mulher que cantava aquela saudação enquanto pilava o milho e Ifá ordenou que ela largasse aquele trabalho e que, no dia seguinte pela manhã, chamasse por ele junto com seus fiéis, para que pudesse mostrar a todos de que forma deveria ser corretamente alimentado. Ordenou ainda, que fosse preparado um akpakpo e dois panos brancos de cabeça denominados kpokun abuta, proibindo a todos de olharem para aqueles objetos.
Como Ifá vivera, até então, fechado dentro de sua cabaça, jamais havia sido visto por ninguém. Quando todos se afastaram Ifá saiu de sua cabaça coberto por um grande chapéu, vestindo um avental de pérolas e calçando sandálias, indo sentar-se no alto de um tripé de onde gritou:
"Olhem bem, sou eu, Ifá! Ifá que ninguém nunca viu... A mulher que mandei comprar no mercado de escravos deve ser trazida até aqui!"
A mulher foi trazida à sua presença e Ifá mostrou-a a todo mundo dizendo:
"Olhem bem, esta é minha mãe! Quando eu estava no seu ventre determinei que meu pai deveria sacrificar um boi malhado de branco, para evitar malefícios que já estavam previstos. Mas meu pai não atendeu minha orientação e todo o mal acabou por se concretizar. Tanto tempo se passou e eu comprei esta escrava para ser sacrificada em minha honra. Entretanto não a sacrificarei! Não poderia trair minha própria mãe, mesmo que ela me tenha traído."
Dito isto ordenou que cortassem os longos cabelos de sua mãe, que envolvessem sua cabeça com um belo torso branco e que a instalassem sobre a almofada akpakpo. Depois pediu um boi e um cabrito para serem sacrificados. Com a farinha moída por sua mãe mandou preparar um amiwo para ela, que não poderia ser comido em sua presença.
Desta forma, assentada sobre um akpakpo, transformou-se ela em Nã, mãe de um rei.
Aos jovens que prepararam as carnes do boi e do cabrito, assim como o amiwo, ordenou que fosse dado uma parte de cada coisa, para que comessem depois da cerimônia. 1
A velha disse então a seu filho, que sentia-se muito envergonhada, pois não merecia tantas honrarias e que naquele dia iria encontrar-se em Ló (local para onde vão os espíritos dos mortos), com seu finado esposo.
"A partir de hoje, quando fizerem uma cerimônia em minha honra, digam: Nã kuagba! (Nã seja bem vinda!), e virei receber as oferendas." - Disse a mulher.
Nã disse ainda, que faria o Sol tornar-se mais brando ou mais quente, comandando-o de cima de seu akpakpo.

A partir de então, realiza-se sempre o ritual de Xe Nã (dar comida à Nã), quando terminam os festivais Fanuwiwa. 2
Este Itan de Ifá fundamenta a possibilidade de substituição do sacrifício de um ser humano pelo de animais, o que nos leva a concluir a possibilidade da substituição do sacrifício destes por outros tipos de oferendas, partindo da premissa de que o ritual é criado pelo homem e não pelos deuses.
Isto posto, passemos ao assunto que é, na verdade, o principal objetivo do presente trabalho, a apresentação de uma vasta relação de oferendas incruentas aos Orixás e a outras entidades cultuadas no candomblé.
O assunto será tratado de forma direta, através de um receituário contendo os ingredientes, o procedimento e o objetivo de cada trabalho, assim como à qual entidade deve ser oferecido.
1 - Depois das cerimônias de Nã, aqueles que preparam os alimentos a ela oferecidos, recebem uma pequena parte destes alimentos, parte esta que recebe o nome de kle ou kele e que só pode ser consumida depois que o Vodun for servido. (Este rito acompanha as cerimônias às divindades nagô sob o nome Atowo e às divindades fon sob o nome de Nudide).

2 - Itan coletado por Bernard Maupoil na região onde hoje fica a atual República do Benin e publicado em sua magnífica obra sobre o sistema oracular de Ifá, ”LA GEOMANCIE À L'ANCIENNE CÔTE DES ESCLAVES”.


OFERENDAS A EXÚ
- Para limpeza da casa.
Pega-se um coco seco, pinta-se todo com uáji, rola-se pela casa de dentro para fora impulsionando-o com o pé esquerdo, como se fosse uma bola. Quando chegar na porta da rua, pega-se o coco com a mão esquerda, leva-se à uma encruzilhada aberta de quatro esquinas e ali, atira-se o coco no meio da encruzilhada com força, para que se quebre.
- Para problemas de infidelidade.
Abre-se um coco seco em duas partes. Dentro dele coloca-se um pedaço de papel de embrulho usado, no qual se escreveu, anteriormente, o nome da pessoa infiel. Acrescenta-se 3 grãos de pimenta da costa; um pouco de azeite de dendê; um pouco de mel; milho torrado e pó de peixe defumado. Fecha-se o coco e amarra-se com linha vermelha e linha branca, enrolando-se bem até que o coco fique totalmente envolvido pela linha. Coloca-se o coco diante de Exú e durante 21 dias acende-se uma vela diariamente, pedindo que a pessoa permaneça fiel ao seu parceiro. No vigésimo primeiro dia despacha-se numa encruzilhada. (Quem não tem Exú assentado pode colocar o coco atrás da porta da casa).
- Para problemas de saúde.
Pinta-se um coco seco com efun e depois unta-se todo com ori-da-costa ou, na falta deste, manteiga de cacau. Coloca-se o coco num prato branco diante de Exú e acende-se uma vela pedindo-se pela saúde da pessoa enferma. A vela deve ser substituída todos os dias, à mesma hora, e o pedido reiterado. No sétimo dia, logo que a vela termine, o coco deve ser levado e despachado na entrada de um cemitério.
- Defesa contra inveja e olho-grande.
Coloca-se um coco seco com uma vela acesa em cima, onde deverá permanecer por três dias consecutivos. No terceiro dia, despacha-se numa encruzilhada de quatro esquinas.
- Para desenvolvimento econômico.
Abre-se um coco do qual se corta quatro pedaços mais ou menos iguais. Estes quatro pedaços, depois de bem lavados, são colocados num prato com a parte branca para cima. Sobre cada pedaço de coco coloca-se um pouquinho de mel de abelhas, um pouquinho de azeite de dendê e um grão de pimenta-da-costa. Coloca-se o prato diante de Exú, ou atrás da porta e acende-se uma vela de sete dias. No sétimo dia, despacha-se tudo (inclusive o prato) numa mata.
- Para obter um amor.
Tomar banho de água de rio misturada à água de coco verde durante cinco dias seguidos.
- Para problemas de justiça.
Escreve-se, num papel de embrulho usado, os nomes das pessoas interessadas na questão, dos advogados e do juiz. Abre-se um coco seco pelo meio e coloca-se dentro o papel com os nomes escritos; milho torrado; 21 grãos de pimenta-da-costa; mel de abelhas; azeite de dendê e pó de efun. Fecha-se o coco e enrola-se muito bem enrolado com linha preta e linha branca. Coloca-se num prato diante de Exú, acende-se uma vela que se renova durante 21 dias. No final dos 21 dias despacha-se numa mata.
- Para melhorar a sorte.
Rala-se um coco seco e espreme-se a massa num pano branco. O sumo obtido é misturado a um copo de leite de cabra. Mistura-se com água de rio e toma-se três banhos no mesmo dia, sendo um pela manhã, um à tarde e um à noite.
- Para apaziguar Exú.
Corta-se um coco seco ao meio, no sentido horizontal. Uma das metades é cheia de mel de abelhas, a outra é cheia de aguardente. Arreia-se aos pés de Exú com uma vela acesa. No terceiro dia despacha-se nas águas de um rio.
- Para livrar uma pessoa ameaçada de prisão.
Dois pombos brancos; ori; fita branca; fita vermelha; fita azul e fita amarela.
Numa mata fechada, unta-se as pernas dos pombos com a manteiga de ori; amarra-se um lacinho de cada fita nas suas duas patas; passa-se os bichos no corpo da pessoa e solta-se com vida. É preciso ter muito cuidado para não machucar os animais.
- Para livrar alguém da prisão ou de problemas com a justiça.
Um boneco de pano branco do sexo da pessoa para quem se vai fazer o trabalho. Dentro do boneco, se coloca o seguinte: Um papel com o nome da pessoa; 7 grãos de ataré; 7 grãos de milho torrados; pó de peixe defumado; um pedacinho de couro de onça ou de outro felino de grande porte; um ovo de codorna inteiro e um pedacinho do talo de comigo-ninguém-pode. Costura-se o boneco e se deixa diante de Exú dentro de um alguidar com padê de mel. O padê deve ser renovado a cada sete dias e o boneco permanecerá ali, até que o problema esteja resolvido. Solucionada a questão, o boneco deve ser levado para dentro de uma delegacia de polícia, para ali ser deixado. Na volta oferece-se a Exú sete roletes de cana, dentro de um alguidar com padê de aguardente.

OFERENDAS A EGUN
- Oguidí.
Coloca-se de molho, numa panela de barro, uma quantidade de farinha de milho bem fina (milharina). Esta farinha deverá permanecer de molho por dois ou três dias até que fermente. Uma vez fermentada, acrescenta-se canela em casca; anis estrelado em pó (Pimpinella anisum, L.),; baunilha (Epidendrum vanilla, L.) e açúcar mascavo. Cozinha-se em fogo lento.
Quando tudo tiver adquirido a consistência de uma massa, retira-se do fogo e enrola-se em folhas de mamona (Ricinus communis, L.). Depois de enroladas e bem amarradas para que não se abram, coloca-se uma panela com água para ferver. Assim que a água estiver fervendo, coloca-se dentro, as trouxinhas, deixando que cozinhem durante quinze minutos, retirando-se em seguida e colocando-se de lado para que esfriem. Quando estiverem frias, retira-se o invólucro de folhas e arruma-se numa travessa de barro, regando-se com bastante mel.
Deve-se fazer sempre, um número de nove oguidís ou então, o número correspondente ao Odu que determinou a oferenda.
Entrega-se a Egun na porta do cemitério ou nos pés de uma árvore seca.
- Olele
Deixar, por 3 dias, uma porção de feijão fradinho (Vigna sinensis, Endl.) de molho na água.
No terceiro dia, moe-se o feijão fradinho no liqüidificador usando a menor quantidade de água possível, para que a massa resultante fique bem espessa.
Refoga-se, numa panela à parte, uma cebola, pimentão vermelho, cominho, orégano e tomate. Quando tudo estiver bem refogado, junta-se 2 ovos e deixa-se no fogo por mais um tempo, mexendo sempre, com uma colher de pau. Tira-se do fogo e coloca-se, com a colher, pequenas porções em folhas de mamona, embrulhando-se em forma de trouxinhas. Coloca-se as trouxinhas para ferver durante 25 minutos, depois do que, retira-se da água e deixa-se esfriar. Depois de frias, retira-se as folhas de mamona, arreia-se nos pés de Egun e, no terceiro dia, retira-se e enterra-se num terreno baldio ou dentro de uma mata.
Importante: As comidas oferecidas a Egun não levam sal, com exceção daquelas feitas para o consumo das pessoas, das quais retira-se uma pequena porção para oferecer a Egun.
- Oferenda de coco a Egun para prejudicar uma pessoa.
Pega-se um coco seco grande, abre-se um dos olhos de forma que se possa introduzir pelo buraco, depois de retirada a água, o seguinte: Um papel com o nome da pessoa, sua foto ou um pedaço de pano de sua roupa, pó de osun; 9 pimentas-da-costa; um pouco de terra de cemitério; um pouco de terra de encruzilhada; um pouco de poeira da casa ou do quintal da pessoa que se quer atingir; um pouco de óleo de cobra; um pedaço de osso humano; um pedacinho do talo da folha de comigo-ninguém-pode; 9 grãos de milho torrado.
Depois que tudo estiver dentro, tapa-se o buraco do coco com um pedacinho de pau ou uma rolha de cortiça. Coloca-se o coco dentro de um alguidar pequeno e arreia-se diante de Egun. Durante 9 dias seguidos, acende-se uma vela às 12 horas, outra às 18 e uma terceira às 24 horas. No fim dos 9 dias, leva-se a um rio e atira-se nas águas.
Este trabalho é muito perigoso e prejudicial, só devendo ser feito em casos extremos.
- Trabalho para afastar um inimigo com a ajuda de Egun
Um galho de irôko (Chlorophora Excelsa) de aproximadamente 1 metro. Numa das extremidades, faz-se, no sentido longitudinal, uma abertura de uns 10 centímetros.
Num papel branco, escreve-se 9 vezes, o nome da pessoa que se deseja afastar.
Um pedaço de pano vermelho; 9 pimentas-da-costa; um pouco de pelo de gato preto; um pouquinho de azougue; um pouquinho de alcatrão; 9 agulhas; 1m. de fita vermelha; 1m. de fita branca; 1m. de fita amarela; 1m. de fita azul; 9 grãos de milho torrado; um pouco de osun; um pouco de uáji; um pedaço de osso humano e um carretel de linha preta.
Coloca-se todos os ingredientes dentro do papel onde se escreveu o nome das pessoas e faz-se um embrulho enrolado, em forma de charuto. Embrulha-se novamente, com o pano vermelho e enrola-se com a linha preta, usando toda a linha do carretel. O embrulho é então, enfiado na fenda aberta na ponta do galho de irôko. Em seguida, prende-se bem, enrolando, primeiro a fita branca, depois a azul, depois a amarela e finalmente, a vermelha, de forma que o embrulhinho fique bem preso ao galho. Isto feito, coloca-se o galho num prato branco que será arriado diante de Egun. Durante 9 dias renova-se a vela. No fim dos 9 dias leva-se ao cemitério e espeta-se o galho, com a ponta onde está o embrulho, numa sepultura fresca, pedindo ao Egun ali enterrado que afaste a pessoa para bem distante.
OFERENDAS A OGUN
- Para apaziguar Ogun. Prepara-se sete ecós, coloca-se num alguidar com uma moeda corrente e um grão de ataré em cima de cada um. Depois de arrumados, acrescenta-se azeite de dendê, mel de abelhas e manteiga de cacau derretida. Junta-se, dentro do alguidar, bastante milho torrado e rega-se com aguardente. Arreia-se diante de Ogun com uma vela de sete dias. Despacha-se numa via férrea.
- Para evitar derramamento de sangue.
Sete peixes frescos, sem serem limpos, apenas lavados em água corrente. Os peixes são arrumados numa travessa de barro com as cabeças voltadas para fora. Sobre eles coloca-se: azeite de dendê; mel de abelhas; ori-da-costa derretido; melado de cana e sete grãos de ataré (um sobre a cabeça de cada peixe). Arreia-se nos pés de Ogun, com uma vela acesa, durante algumas horas (o tempo suficiente para que a vela se queime toda). Depois disto, passa-se os peixes na pessoa para a qual se está solicitando a proteção de Ogun. A pessoa deve ficar despida, resguardadas as partes mais íntimas. Terminada a limpeza coloca- se os peixes numa folha de papel pardo e se despacha numa linha de trem.

- Para obter proteção contra qualquer tipo de tragédia.
Um peixe pargo de bom tamanho; azeite de dendê; gin; mel de abelhas; milho torrado; feijão fradinho torrado e ori-da-costa. Coloca-se o peixe numa travessa ou assadeira de barro; cerca-se com o milho e o feijão torrados; tempera-se com os ingredientes relacionados. Arreia-se diante de Ogun com velas acesas. Depois de três horas, despacha-se numa mata.
- Para obter uma graça qualquer do Orixá Ogun. 1 inhame-do-norte cozido; arroz cru; ori-da-costa; azeite de dendê; mel de abelhas; melado de cana; 7 pimentas ataré e gin. Amassa-se o inhame cozido e mistura-se a massa obtida com o ori-da-costa e o arroz. Com esta massa, preparam-se, modelando-se com as mãos, 7 bolas que, depois de prontas, serão arrumadas num alguidar de barro onde já se colocou o milho torrado. Acrescenta-se os demais ingredientes e oferece-se a Ogun, diante de seu igbá onde deverá permanecer por sete dias. Despacha-se na mata.
- Para apaziguar Ogun. Para acalmar a ira deste Orixá, basta oferecer-lhe uma melancia aberta e regada com melado de cana.
- Para que Ogun defenda uma casa de malefícios.
Uma faca de aço é colocada no fogo até que fique em brasa. Quando a lâmina da faca estiver acesa, pega-se, coloca-se em cima de Ogun e derrama-se sobre ele azeite de dendê de forma que o azeite escorra sobre a ferramenta do Orixá. Esta faca é embrulhada em pano vermelho junto com os seguintes ingredientes: 1 fava de ataré inteira; 7 grãos de milho torrados; sete pedacinhos de coco seco e um pouco de uáji. Envolve-se tudo, inclusive a faca, no pano vermelho e enrola-se, bem enrolado, com linha verde e linha azul. Somente a lâmina da faca deverá ser enrolada pelo pano e pelas linhas, o que formará uma espécie de bainha. Este fetiche deverá permanecer atrás da porta da casa e, todas as vezes em que Ogun comer, deverá ficar junto com ele, no igbá, durante todo o tempo do orô e enquanto durar o preceito.
- Para agradar Ogun: Pega-se 7 ovos de codorna, unta-se com azeite de dendê, mel de abelhas e pó de efun. Coloca-se num prato de barro, espalha-se por cima fumo de rolo desfiado e molha-se com gin. Deixa-se diante de Ogun durante sete dias com uma vela acesa. Despacha-se na mata.
- Para evoluir ou obter uma graça. Pega-se uma melancia inteira, corta-se um quadradinho em forma de cubo (sem abrir a fruta); separa-se o cubinho; escreve-se, em papel de embrulho, o que se deseja; coloca-se o papel no buraco feito na melancia; tapa-se o buraco com o próprio pedaço extraído dali; arreia-se nos pés de Ogun, deixando ali por 3 dias. Durante estes três dias, acende-se uma vela e pede-se a Ogun o que se deseja. Despacha-se na linha do trem.
- Para obter proteção pessoal de Ogun. Deixar, durante 7 dias, um coco seco dentro do assentamento de Ogun. No sétimo dia, retira-se o coco, quebra-se, retira-se a polpa, descasca-se, rala-se, espreme-se com um pano branco e virgem. Ao sumo obtido acrescenta-se meio litro de leite de cabra, mistura-se num recipiente com água de chuva e água de rio (meio a meio); acrescenta-se ainda: Um copo de água de coco verde; um copo de caldo de cana; sete colheres de mel de abelhas e sete colheres de melado de cana. Mistura-se bem, e deixa-se o recipiente diante de Ogun, por três horas, com uma vela acesa. Depois de decorridas as três horas, toma-se banho com o líqüido (inclusive a cabeça); deixa-se o banho secar no corpo durante meia hora e depois, toma-se banho com água limpa e sabão da costa. A pessoa deve usar somente roupas brancas nos sete dias seguintes e, no mesmo período, terá que acender velas, bater cabeça e rogar a proteção do Orixá.
OFERENDAS A OXOSSI
- Para resolver problemas de justiça.
Num pano branco coloca-se os seguintes ingredientes: 7 grãos de milho torrados; 7 grãos de ataré; 7 pimentas malagueta; pó de peixe defumado; um pedaço de talo de comigo-ninguém-pode; 7 folhas de hortelã e um papel com o nome da pessoa que está sendo tratada.
Faz-se um embrulho com o pano branco, amarra-se bem com barbante virgem, passa-se no corpo da pessoa e deixa-se no igbá de Oxóssi até que o problema esteja resolvido.
Resolvido o problema, a pessoa beneficiada deverá oferecer uma comida seca ao Orixá, de acordo com a orientação obtida no oráculo.
- Para boa sorte.
Numa travessa de barro, coloca-se sete peixes frescos inteiros com as escamas. Por cima coloca-se: milho torrado; melado de cana; azeite de dendê e efun ralado. Deixa-se nos pés de Oxóssi por três horas e, em seguida, leva-se a um mata e arreia-se aos pés de uma palmeira ou coqueiro.
- Para problemas de saúde.
Unta-se sete ovos de galinha d’angola com ori-da-costa; coloca-se dentro dum alguidar diante do assentamento de Oxóssi e coloca-se, sobre eles, um pouco de azeite de dendê; melado de cana; licor de anis; fumo-de-rolo desfiado e bastante pó de efun. Todos os dias, durante sete dias, passa-se um dos ovos na pessoa enferma e separa-se para outro alguidar que deverá ficar atrás do igbá. No sétimo e último ovo, coloca-se tudo num pano azul-claro, amarra-se em forma de trouxa, leva-se à uma mata e despacha-se num tronco de árvore seca.
- Para estabilidade financeira.
Oferece-se, a Oxóssi, uma melancia aberta no meio e regada de melado de cana; deixa-se diante de Oxóssi por três dias e despacha-se numa mata.
- Para falta de dinheiro.
Pega-se sete cocôs secos, pinta-se de branco (efun) as partes de cima e de azul (uáji) as partes de baixo. Coloca-se os sete cocôs num alguidar grande e, durante sete dias, vai-se passando um coco por dia no corpo, tendo-se o cuidado de separar os cocôs utilizados para outro alguidar. Depois de passar o último coco, enrola-se o alguidar com os sete cocôs num pano azul claro e despacha-se em água corrente. Uma vela de sete dias deverá permanecer acesa durante o tempo em que os cocôs estiverem diante de Oxóssi.

- Para obter uma graça qualquer.
Sete romãs (Punica granatum, L.); melado de cana; azeite de dendê; anis estrelado e efun ralado. Coloca-se os romãs abertos dentro de um alguidar e, sobre eles, os ingredientes relacionados. Deixa-se diante de Oxóssi por sete dias com uma vela acesa, depois, despacha-se numa mata.
- Para assegurar boa sorte.
Descasca-se e frita-se ligeiramente, em gordura de coco, sete cebolas de casca vermelha. Arruma-se tudo numa panela de barro e cobre-se com anis estrelado em pó; melado de cana; azeite de dendê; pó de peixe defumado e milho torrado. Arreia-se nos pés de Oxóssi com duas velas de sete dias acesas. Depois de sete dias despacha-se na mata sem desarrumar o adimú.
- Para agradar e apaziguar Oxóssi.
Prepara-se sete ecós. Em cada um deles coloca-se um grão de atarê, uma moeda de pequeno valor; uma fava de anis estrelado e uma pitadinha de efun ralado. Arruma-se num alguidar e rega-se com azeite de dendê e um pouco de vinho branco. Entrega-se a Oxóssi com uma vela de sete dias e, depois deste período, despacha-se nos pés de uma amendoeira.
- Para agradar Oxóssi.
Sete espigas de milho verde, grandes e tenras, são assadas na brasa. As folhas que envolvem as espigas são separadas para forrar o alguidar em que será oferecido o adimú. Assim que as espigas forem retiradas do braseiro, ainda quentes, são regadas, uma a uma, com azeite de dendê, gordura de coco, melado de cana, um pouco de licor de romã e pó de peixe defumado. Depois disto arruma-se com as pontas mais finas para cima, no alguidar já forrado com as folhas das espigas. Coloca-se, dentro do alguidar, amendoim torrado e rega-se tudo com vinho branco. Entrega-se a Oxóssi com uma vela de sete dias. No fim de sete dias, despacha-se numa mata.
OFERENDAS A LOGUNEDÉ
- Pamonha que se oferece a Logunedé.
Rala-se sete espigas de milho verde bem tenras. À massa obtida acrescenta-se coco ralado e açúcar. Envolve-se a massa nas folhas mais tenras que envolvem as espigas, formando uma espécie de trouxinha que se amarra em cima com palha da costa. Mergulha-se as trouxinhas em água fervente e retira-se logo em seguida. Deixa-se esfriar, abre-se as trouxinhas, arruma-se numa travessa ou prato de louça. Ao redor coloca-se fatias de coco seco cortado em tiras, rega-se com bastante mel e oferece-se ao Orixá. Despacha-se numa cachoeira.
- Para agradar Logunedé.
Prepara-se uma massa de milho verde igual à da receita anterior, dispensando-se o açúcar. Refoga-se uma boa quantidade de camarão seco em óleo de milho acrescentando-se cebola branca, pimentão doce, tomate, coentro picadinho, vinho branco e um pouco d'água para fazer o molho. Coloca-se a massa numa tigela e cobre-se com o molho. Enfeita-se com 7 camarões inteiros crus e folhas de hortelã.
- Para obter uma graça.
Pega-se um peixe dourado, limpa-se bem, retira-se as escamas e recheia-se com milho verde (grãos); milho torrado; cebola branca picada; pedacinhos de coco seco e 1 obí picado em pedacinhos pequenos. Costura-se o peixe, tempera-se com azeite de oliva e azeite de dendê; orégano em pó; coentro e vinho branco. Coloca-se para assar no forno. Quando o peixe estiver assado, retira-se do forno, coloca-se numa travessa e cerca-se de agrião ligeiramente fervido. Na boca do peixe introduz-se um papel com o pedido da graça que se deseja obter. Cobre-se com bastante mel de abelhas e vinho branco. Arreia-se nos pés de Logun e, no dia seguinte, despacha-se num rio de águas limpas.
- Para agradar Logunedé.
Assa-se, num braseiro, 7 espigas de milho verde. Cozinha-se, à parte, uma porção de feijão fradinho misturado com a mesma quantidade de amendoim. Pega-se o feijão cozido com o amendoim e coloca-se num alguidar; arruma-se as espigas assadas com as pontas para fora; rega-se com mel de abelhas; azeite de dendê e vinho branco. Deixa-se por três dias diante do igbá do Orixá e despacha-se dentro de uma mata.
- Para agradar Logunedé.
Cozinha-se uma boa quantidade de milho seco em água pura. Pega-se sete camarões graúdos, aferventa-se ligeiramente também em água pura. Prepara-se um molho idêntico ao descrito no adimú número 2. Coloca-se o milho cozido numa travessa ou tigela branca; arruma-se os camarões em cima e cobre-se com o molho. Enfeita-se com folhas de agrião e rega-se com mel de abelhas e vinho branco. Arreia-se diante de Logun e despacha-se, três dias depois, na beira de um rio ou dentro de uma mata.
- Para atrair uma pessoa.
Pega-se um coco seco, retira-se a água e abre-se, num dos olhos do coco, um buraco onde possam passar os seguintes ingredientes: Um papel com o nome das pessoas interessadas; sete favas de anis estrelado; sete pedacinhos de lírio florentino; sete colheres de café de água-de-flor-de-laranja; a mesma medida de melado de cana; a mesma medida de mel de abelhas; sete pedacinhos de açúcar cândi; sete gotas de baunilha; sete folhinhas de hortelã; sete pétalas de rosa amarela e sete gotas de essência de rosas. Completa-se com vinho branco. Fecha-se o buraco com um pedacinho de madeira e veda-se com cera de abelhas derretida. Enfeita-se o coco com laços de fitas amarelas e azuis, leva-se à uma cachoeira e coloca-se em baixo da queda d'água. Antes de levar, o coco deve ser apresentado ao Orixá.
OFERENDAS A IYEMANJÁ
- Adimú para se obter uma graça.
Arruma-se sete espigas de milho verde assadas dentro de uma panela de barro com o seguinte: Sete bolas de feijão fradinho cozido, amassado e ligado com farinha de acaçá; sete biscoitos de araruta; sete bananas da terra cortadas no sentido longitudinal e fritas em gordura de ori-da-costa; sete bolas de mingau de milharina adoçado com açúcar mascavo. Depois de tudo arrumado dentro da panela rega-se com bastante mel de abelhas e oferece-se à Iyemanjá, acendendo-se duas velas. Deixa-se de um dia para o outro, embrulha-se num pano branco e leva-se para o mar.
- Para resolver uma situação impossível.
Cozinha-se um inhame grande até que fique bem macio. Coloca-se num recipiente qualquer e amassa-se com um garfo. À massa obtida acrescenta-se: farinha de milho bem grossa; meio copo de melado de cana; um pouquinho de azeite de dendê e um pouco de mel de abelhas. Mistura-se tudo muito bem e modela-se 7 bolas, que são arrumadas numa travessa branca. Sobre as bolas despeja-se bastante melado de cana; pó de efun e pó de peixe defumado. Oferece-se, diante do igbá, com uma vela acesa, deixando por sete dias. Despacha-se na beira do mar.
- Para obter uma graça.
Pega-se um melão bem grande, abre-se uma tampa no alto e retira-se a polpa. Coloca-se, dentro da fruta, os seguintes ingredientes: Sete bolinhas de milho vermelho; sete bolas de inhame; sete rodelas cortadas de uma espiga de milho verde; sete peixinhos secos; sete cebolas brancas pequenas; sete bolas de arroz branco cozido; sete bolinhas pequeninas de ori-da-costa; sete colheres de óleo de amêndoa-doce; mel de abelhas e melado de cana. Coloca-se o melão num prato grande ou bandeja forrada com pano branco, diante de Iyemanjá e acende-se sete velas que devem ser renovadas por sete dias, tempo em que o adimú permanecerá diante do Orixá. Despacha-se na beira do mar.
- Para obter saúde ou estabilidade financeira.
Colocar dentro de uma travessa de barro: Sete pargos frescos bem pequenos; sete grãos de ataré; sete grãos de milho torrado; sete moedas correntes; um pouco de pó de osun; sete agulhas de crochet; um pouco de areia da praia; sete colheradas de azeite de amêndoas; sete colheres de mel de abelhas e sete colheres de melado de cana. Entrega-se à Iyemanjá na desembocadura de um rio com o mar. O mesmo adimú pode ser oferecido à Olokun. Neste caso substitui-se as agulhas de crochet por anzóis e se entrega diretamente nas águas, em alto mar.
- Para que Iyemanjá trabalhe em favor de alguém.
Colocar-se, aos pés de Iyemanjá, uma cesta com frutas variadas, cobre-se tudo com bastante folhas de beldroega (Planta herbácea, da família das cariofileas). Deixa-se, diante do Orixá, durante sete dias com uma vela votiva acesa. Findo o prazo, leva-se à uma praia e arreia-se na areia com sete velas acesas.
- Para firmar a cabeça de uma pessoa.
Coloca-se a sopeira de Iyemanjá no solo, sobre uma esteira forrada de branco. Em volta coloca-se nove pratos brancos. Dentro de cada prato coloca-se um ovo de pata (cru); um pouco de mel de abelhas sobre os ovos; uma pequena porção de coco ralado e uma pitadinha de pó de efun. Ao lado de cada ovo, dentro dos pratos, acende-se uma vela de sete horas. A pessoa, depois de limpa e lavada com omi eró de folhas frescas de Iyemanjá, veste uma roupa branca e deita-se no quarto do Orixá por uma noite. No dia seguinte colocam-se os ovos dentro de uma cestinha de palha e despacha-se no mar, na sétima onda que bater.

- Para resolver qualquer tipo de problema.
Pega-se 21 frutas de diferentes espécies, pica-se em pedaços bem pequenos e mistura-se dentro de uma tigela branca. Prepara-se um cozido com vinte e um diferentes tipos de legumes bem picados e cozidos em água pura. Separa-se os legumes em outra tigela branca. Cozinha-se, em água sem sal, vinte e um diferentes tipos de grãos como: milho, canjica, feijões de todos os tipos (menos preto), soja, arroz, etc. e separa-se tudo numa outra tigela. Coloca-se tudo dentro de um balaio, deixando que as coisas se misturem. Por cima coloca-se um pargo fresco de tamanho médio, em cuja boca, introduz-se um obí batá. Enfeita-se tudo com folhas de beldroegas e vinte e uma rosas brancas. Salpica-se vinho branco em cima, enfeita-se com fitas brancas, rendas, etc. Leva-se à praia e entrega-se à Iyemanjá, com muito orô e cantigas do Orixá.
- Para calar a boca de uma pessoa maledicente.
Retira-se um cubinho da casca de uma melancia, com o auxílio de uma faquinha. No buraquinho, introduz-se um papel com o nome da pessoa de língua ferina e tapa-se com o pedaço que dali foi retirado. Deixa-se, durante quatro dias nos pés do Orixá, depois do que, leva-se a uma linha de trem deixando ali, de forma que a fruta seja esmagada pelo trem.
- Adimú para agradar Iyemanjá e obter sua proteção.
Descasca-se sete cebolas brancas e frita-se, ligeiramente, em azeite de amêndoas. Depois de bem douradas as cebolas, abre-se nelas, com uma faquinha, um buraco onde se introduz um papel com o pedido que se deseja obter e um grãozinho de ataré. Coloca-se as cebolas num prato branco e se acrescenta, sobre elas, os seguintes ingredientes: Mel de abelhas; melado de cana; um pouco de vinho branco; um pouco de vinho tinto suave e bastante milho torrado. Deixa-se, durante sete dias, diante do igbá do Orixá, sempre com velas acesas. Despacha-se na beira da praia.
- Para obter uma graça com ajuda de Iyemanjá.
Numa cesta de vime forrada de pano azul, coloca-se sete peixes fritos em azeite de amêndoa; sete bananas da terra verdes; sete punhados de canjica cozida; sete bolos de arroz; sete pedaços de coco seco; sete ecós; sete oleies e sete moedas brancas. Enfeita-se tudo com flores brancas e entrega-se à Iyemanjá diretamente na praia, com velas acesas e uma taça de vinho branco.
- Para agradar e apaziguar.
Corta-se sete romãs ao meio. Dentro de cada um deles se coloca uma moeda e um grão de ataré. Arruma-se as frutas dentro de uma panela de barro, derrama-se por cima: azeite de dendê, mel de abelhas, melado de cana, vinho branco e sete balas de leite ou de coco. Deixa-se durante sete dias diante do igbá de Iyemanjá e, depois, despacha-se dentro do mar.
- Para apressar a solução de qualquer tipo de problema.
Um peixe pargo bem assado é colocado numa travessa de barro e recoberto com rodelas de banana-da-terra previamente cozidas. Dentro do peixe já estará um papel no qual se escreveu o desejado. Por cima de tudo, derrama-se melado de cana e vinho branco. A panela deve ficar cheia até a borda. Deixa-se, durante sete dias diante de Iyemanjá e depois, despacha-se em pedras onde as ondas do mar estouram.
- Para agradar Iyemanjá.
Forra-se uma travessa de barro ou de louça com folhas de alface e sobre elas arruma-se: 7 ecós; 7 oleles; 7 oguidís; sete acaçás de milho vermelho desembrulhados; sete pedaços de coco seco; sete espigas de milho assadas; sete moedas; sete bolinhas de ori-da-costa. Depois de tudo arrumado na travessa tempera-se com azeite de dendê, mel de abelhas, melado de cana, ataré, pó de efun e vinho branco. Este adimú permanece, durante sete dias, diante do igbá do Orixá com duas velas acesas. Despacha-se nas águas de um rio.
- Para alcançar uma graça impossível
Coloca-se, dentro de um copo de cristal, um papel onde se escreveu o que se deseja obter. Enche-se o copo com melado de cana misturado a vinho branco. Coloca-se diante de Iyemanjá e cobre-se com um pano branco virgem. Por cima coloca-se um prato branco sobre o qual se acenderá uma vela todos os dias, durante 21 dias. Findo este prazo o copo com seu conteúdo, o pano e o prato, serão levados à uma praia e atirados ao mar, o mais longe possível.
OFERENDAS A OXUN
- Para atrair uma pessoa.
Abre-se uma cabaça ao comprido, limpa-se bem retirando todas as sementes e as películas de seu interior e se coloca dentro: O nome da pessoa que se quer atrair escrito em papel de embrulho; 5 agulhas de coser; 5 pedacinhos de galho de irôko; 5 grãos de pimenta-da-costa; um pouco de milho torrado; uma pitadinha de pó de osun; uma pitadinha de sal de cozinha; mel de abelhas; suco de um limão galego (Citrus medica, Rissus); pó de peixe defumado e pó de preá defumada. Fecha-se a cabaça unindo as duas partes com um laço de fita amarela; coloca-se sobre um prato branco diante do igbá-Oxun e, durante 25 dias, à mesma hora, acende-se uma vela em cima da cabaça pedindo ao Orixá que traga a pessoa desejada. No vigésimo quinto dia, depois que a vela acabar, despacha-se nas águas de um rio.
- Para obter-se uma graça qualquer.
Num prato branco arruma-se: 5 ovos de galinha crus; 5 folhas de verbena (Lipia citriodora); uma conta de coral; um pedaço de azeviche; um molho de agrião que deverá ser arrumado em volta do prato, formando uma rodilha. Cobre-se tudo com bastante mel de abelhas, salpica-se pó de efun e arreia-se aos pés de Oxun com 5 velas acesas ao redor. Este adimú permanece por cinco dias nos pés do Orixá e é despachado numa cachoeira.
- Para apaziguar Oxun. Um mamão bem maduro aberto ao meio, do qual se retira todas as sementes. Enfeita-se o mamão por dentro e por fora com ramos de salsa; coloca-se dentro do mamão 5 gemas de ovos de galinha e cobre-se com bastante mel de abelhas. Junta-se as duas partes do mamão e coloca-se, sobre um prato, diante de Oxun, com duas velas acesas. No dia seguinte despacha-se num rio.
- Para agradar e obter uma graça. Cozinha-se um inhame, amassa-se e mistura-se folhas de agrião bem picadinhas. Com a pasta modela-se 5 bolas. Depois de prontas as bolas de inhame, rola-se as mesmas sobre farinha de acaçá até que fiquem bem envolvidas. Numa travessa de barro, arruma-se as 5 bolas de inhame ao redor de um pargo assado ao forno. Sobre cada bola coloca-se uma pimenta ataré, uma moeda, um grão de milho e uma pétala de rosa amarela. Rega-se com um pouquinho de azeite de milho e bastante mel de abelhas, enfeita-se com galhos e folhas de agrião miúdo.
- Balaio para agradar Oxun. Pega-se um balaio grande com alça e enfeita-se à gosto com panos, fitas e rendas amarelas. Pronto o balaio, coloca-se dentro dele diversos tipos de frutas, sempre em cinco unidades. Acrescenta-se ainda bastante caramelos de leite e enfeita-se com folhas de hortelã. No meio das frutas coloca-se uma boneca vestida de amarelo, representando a própria Oxun. Deixa-se diante do Orixá por oito dias, findo os quais, despacha-se numa cachoeira. A boneca ficará, para sempre, junto ao igbá.
- Para obter uma graça. Pega-se cinco laranjas lima e, sem descascá-las, corta-se no alto, separando-se as "tampinhas". Sobre cada uma das laranjas coloca-se: Uma fava de anis-estrelado; um pouquinho de pó de lírio-florentino; umas folhinhas de salsa; umas gotinhas de mel de abelhas e uma pitadinha de canela em pó. Repõe-se as tampinhas em cada laranja e arruma-se num prato do igbá da Oxun. O prato deverá ser colocado sobre a sopeira, no lugar da tampa. Este adimú permanece cinco dias sobre o igbá e é despachado, envolto num pano amarelo, na beira de um rio de águas limpas.
- Para obter uma graça.
O mesmo adimú acima descrito pode ser feito, substituindo-se as laranjas por ovos de galinha. Neste caso, abre-se os ovos em cima, sem que se quebre as cascas em demasia, escorre-se as claras deixando somente as gemas dentro das cascas. Acrescenta-se os mesmos ingredientes dentro dos ovos. Neste caso ferve-se ligeiramente um molho de agrião e, depois de frio, faz-se um ninho que será colocado no prato para abrigar os ovos de forma que não virem para que não se entornem os seus conteúdos.
- Para ocasionar intranqüilidade a um inimigo.
Dentro de um boneco de pano branco (do mesmo sexo da pessoa que se quer atingir) coloca-se: Um papel de embrulho usado com o nome da pessoa escrito cinco vezes; cinco gotas de óleo de rícino; uma folha de irôko; uma folha de urtiga (Urtica urens, L.); cinco agulhas de costura; cinco grãos de ataré; um pouco de lama do fundo do rio e um pouco de azougue. Este boneco fica, durante cinco dias, diante de Oxun, de cabeça para baixo e de costas para o igbá (sem velas acesas). No fim dos cinco dias, retira-se o boneco, embrulha-se em pano preto, leva-se à uma mata e pendura-se, de cabeça para baixo, num galho de árvore seca.
OFERENDAS A NANÃ
- Para agradar Nanã.
Cozinha-se, em água de poço sem sal, 13 espigas de milho verde e deixa-se de lado. Numa panela de barro coloca-se uma cebola roxa picada; cominho em grãos; uma folha de louro; um pouquinho de orégano; um pouco de gengibre ralado e azeite de dendê. Deixa-se ferver por meia hora e coloca-se, dentro da panela, uma porção de fubá de milho vermelho bem fino. Vai-se mexendo enquanto cozinha, até que engrosse como um mingau. Retira-se do fogo, coloca-se as 13 espigas cozidas com as pontas para cima e, depois de frio, oferece-se à Nanã na mesma panela. Depois de 13 dias, leva-se à um pântano e se enterra com panela e tudo.
- Para problemas de saúde.
Pega-se 13 pargos frescos bem pequenos, arruma-se dentro de um prato de barro e tempera-se com azeite de dendê; mel de abelhas; melado de cana e vinho tinto seco. Arreia-se diante de Nanã e, depois de 13 dias, passa-se o prato com o adimú no corpo da pessoa enferma, leva-se a um pântano e enterra-se com tudo.
- Para saúde.
Pega-se 13 broas de milho, passa-se no corpo da pessoa e vai-se arrumando num alguidar de barro. Depois que todas as broas já estiverem no alguidar rega-se com azeite de dendê e vinho tinto seco, salpicando-se por cima pó de efun. Deixa-se diante do Orixá durante 13 dias, findos os quais, retiram-se as broas, substituindo-as por outras, agindo sempre da mesma forma. As broas retiradas são levadas e despachadas na porta do cemitério. A operação deve ser repetida até que a pessoa fique curada.
- Para obter uma graça.
Pega-se 13 cebolas roxas inteiras e frita-se ligeiramente em azeite de dendê. Prepara-se um pouco de pipoca em azeite de dendê, arruma-se a pipoca num alguidar e enfeita-se com as cebolas fritas. Deixa-se nos pés de Nanã por 13 dias. Despacha-se na beira de uma lagoa.
- Para obter a proteção de Nanã.
Torra-se, bem torrada, uma mistura de milho vermelho, feijão fradinho e amendoim. Coloca-se tudo dentro de uma cabaça aberta no pescoço. Cozinha-se uma boa quantidade de canjica e coloca-se dentro da mesma cabaça. Acrescenta-se 13 grãos de ataré; um pouco de milho de pipoca que, depois de torrado, não se tenha aberto; 13 grãos de lelekun; 13 favas de bejerekun; pó de peixe defumado e pó de eku defumado. Fecha-se a cabaça enrolando-a toda com palha-da-costa. Deixa-se por 13 dias diante do Orixá. Depois pendura-se atrás da porta de casa ou do local de trabalho.
- Para evolução financeira.
Assa-se, no forno, 13 fatias de berinjela. Depois de assadas unta-se com azeite de dendê; mel de abelhas e ori-da-costa. Arruma-se num alguidar e cobre-se com pipocas. Rega-se com vinho tinto seco. Despacha-se, depois de 13 dias, na beira de um poço que tenha água potável.
- Para agradar Nanã.
13 cebolas roxas descascadas e fritas em azeite doce; 13 espigas de milho verde assadas na brasa; 13 rodelas de aipim cozido com casca; milho torrado e pipoca feita no dendê. Arruma-se, num alguidar, primeiro o milho torrado e as pipocas. Por cima dispõe-se as rodelas de aipim, as espigas e as cebolas. Rega-se com azeite de dendê e deixa-se 13 dias diante de Nanã. Despacha-se no mato.
- Para sorte e proteção de Nanã.
Uma panela de barro média; 13 gemas de ovos de gansa; 13 pimentas-da-costa; 13 búzios; osun; efun; uáji; um pouco de lama de pântano; um pouco de milho torrado; peixe defumado; azeite de dendê; 13 colheres de azeite de amêndoas; os pedidos que se deseja obter escritos em papel de embrulho. Coloca-se o papel dentro da panela e todos os ingredientes por cima; completa-se com canjica branca e deixa-se diante de Nanã por 13 dias. Despacha-se num pântano.
- Para conseguir uma graça.
Metade de uma cabaça bem limpa por dentro; 13 moedas pequeninas; 13 grãos de milho de pipoca que não tenham estourado ao se fazer pipocas para Omolú; 13 pedacinhos de coco seco; 13 sementes de anis estrelado; azeite de dendê; um pouco de melado de cana; azeite de dendê. Escreve-se, num papel qualquer, o que se deseja de Nanã. Coloca-se o papel dentro da cabaça e coloca-se todos os ingredientes por cima. Completa-se com canjica branca e rega-se com água de flor de laranjeira. Deixa-se nos pés de Nanã por 13 dias. Despacha-se nas águas de um rio.
OFERENDAS A OXUMARE
- Para agradar Oxumarê.
Cozinha-se uma batata doce e amassa-se bem, formando uma espécie de purê. Coloca-se a massa dentro de um alguidar de barro e tempera-se com pó de ataré; pó de bejerekun; lelekun e bastante azeite de dendê. Arreia-se para Oxumarê e deixa-se por 15 dias. Despacha-se no mato.
- Para obter uma graça.
Com a massa de uma batata doce cozida, modela-se uma cobra dentro de uma travessa de barro. Ao redor da cobra, arruma-se 15 ovos de galinha nos quais colocou-se, por uma pequena abertura feita numa das extremidades, os seguintes ingredientes (para cada ovo): 1 grão de ataré; 1 semente de fava de aridã; 1 semente de bejerekun e 1 grão de lelekun. Arreia-se diante do Orixá e despacha-se, no dia seguinte, nos pés de uma árvore frondosa.
- Para apaziguar Oxumarê.
Cozinha-se 5 batatas doce, amassa-se e mistura-se ao purê, pó de aridan e sementes de lelekun. Com a pasta obtida modela-se 15 bolas. Depois de prontas as bolas de batata doce, rola-se as mesmas sobre farinha de acaçá até que fiquem bem envolvidas. Numa travessa de barro, arruma-se as 15 bolas ao redor de um pargo assado ao forno. Sobre cada bola de inhame coloca-se uma pimenta ataré, uma moeda e um búzio pequenino. Rega-se com azeite de dendê e deixa-se diante de Oxumarê de um dia para o outro. Despacha-se em água corrente.


OFERENDAS A XANGÔ
- Para apaziguar Xangô.
Cozinha-se um inhame-da-costa. Com o inhame cozido e descascado faz-se uma massa à qual acrescenta-se: azeite de dendê; mel de abelhas; pó de peixe defumado e orogbô ralado. Depois de bem misturado faz-se seis bolas. Em cima de cada bola se coloca uma moeda de cobre. Arruma-se no centro de uma gamela de madeira e, ao redor, coloca-se seis sapotís (Achras sapota, L.) bem maduros. Deixa-se aos pés do Orixá durante seis dias. Envolve-se num pano vermelho e leva-se aos pés de uma palmeira imperial (Oreodoxa regia).
- Para agradar Xangô. Pega-se seis sapotís maduros, abre-se ao meio, retira-se as sementes e arruma-se numa gamela. Dentro de cada sapotí coloca-se: Seis grãos de milho torrado; seis pedacinhos de coco seco; um orogbô (para cada sapotí); um pouquinho de melado de cana; mel de abelhas; azeite de dendê; um ataré e um pouco de vinho tinto. Deixa-se por seis dias nos pés do Orixá com uma vela acesa, que deve ser renovada todos os dias.
- Para tirar uma pessoa do cárcere.
Um talo de folha de afomã (Ficus Membranacea); um pedaço de galho de cedro (Cedrela mexicana); osun; efun e ori-da-costa. Raspa-se talo de afomã e o galho de cedro. O pó obtido é misturado aos demais ingredientes e com a massa resultante, faz-se uma bola que deverá ficar, por seis dias, dentro da gamela de Xangô. Despacha-se o mais próximo possível do local onde a pessoa estiver detida e, se isto não for possível, no alto de uma pedra de onde se aviste a cidade.
- Para assegurar vitória em questões judiciais.
Embrulha-se, em pano vermelho, seis varetas ou palitos de cedro; seis pimentas ataré; seis grãos de milho torrados; um pouquinho de pó de peixe defumado; um orogbô inteiro e uma folha de cedro. Amarra-se bem amarrado com linha branca e deixa-se dentro da gamela de Xangô. No dia da audiência ou julgamento, a pessoa deve portar o embrulhinho num de seus bolsos.
- Adimú para boa sorte.
Pega-se seis ovos de galinha d'Angola e unta-se as cascas com: Azeite de dendê; mel de abelhas; ori-da-costa; pó de efun e pó de osun. Coloca-se numa gamela ou alguidar de barro e sopra-se, em cima, vinho tinto e aguardente de cana. Deixa-se diante de Xangô por seis dias e depois, passa-se os ovos na pessoa, embrulha-se em pano vermelho e despacha-se aos pés de uma palmeira imperial.
- Para obter uma graça.
Compra-se o romã mais bonito que se puder encontrar, abre-se a fruta ao meio no sentido vertical e retira-se, de seu interior, todas as sementes. Coloca-se, no lugar das sementes, um pouquinho de osun; um pedacinho do talo de comigo-ninguém-pode; um pouquinho de raspa de pó de cedro; um pouquinho de raspa de madeira de irôko; seis ataré; um pouquinho de azeite de dendê; mel de abelhas e um pouquinho de canela em pó. Une-se as duas partes do romã, envolve-se num pedaço de pano vermelho e enrola-se bem, com linha branca. Derrete-se, em banho-maria, uma quantidade de cera de abelhas. Na cera derretida vai-se mergulhando e retirando a bonequinha de pano com a fruta dentro, dando-se voltas para que a cera fique aderida ao tecido. Repete-se a operação até que se transforme numa bolota de cera. Deixa-se secar até que a cera fique bem durinha e, somente então, coloca-se dentro da gamela de Xangô, onde deverá permanecer até que a graça seja alcançada. Depois de atendido o pedido feito ao Orixá, despacha-se a bolota nos pés de uma palmeira real.
- Para agradar Xangô e obter sua proteção.
Arruma-se, numa gamela grande, 12 tomates maduros; 12 laranjas-da-china; 12 bananas-da-terra verdes; um inhame-da-costa; uma cabaça de pescoço; 12 orogbôs; 12 caramelos; 12 fatias de pão e 12 ataré. Rega-se tudo com muito mel de abelhas, vinho tinto e melado de cana. Coloca-se diante de Xangô e deixa-se por 12 dias, renovando a vela diariamente. No fim dos doze dias leva-se a um campo e deixa-se ali.
- Para resolver uma situação impossível.
Gordura de coco, cebola, pimentão vermelho, camarão sêco, cominho, orégano, louro verde, tomates, quiabo, farinha de acaçá e azeite de dendê. Pica-se a cebola, o pimentão, os tomates e os quiabos (estes em rodelinhas bem finas). Coloca-se a farinha para cozinhar, com água, em fogo brando, deixando engrossar um pouquinho. Numa panela à parte coloca-se uma colher de gordura de coco, uma pitada de cominho, uma de orégano, a folha de louro, a cebola picadinha, o pimentão e o tomate. Espera-se cinco minutos e acrescenta-se o camarão sêco, o quiabo e o mingau que foi cozido em separado. Coloca-se um pouco de dendê (se possível a pasta chamada bambarra). Deixa-se cozinhar em fogo brando por aproximadamente uma hora. Quando estiver cozido retira-se do fogo e se derrama tudo numa gamela. Separa-se uma porção num alguidar para ser oferecida a Exú. Depois de entregar-se a parte de Exú, oferece-se o adimú nos pés de Xangô, sacode-se o xeré e vai-se pedindo o que se quer em voz baixa e a cabeça no chão. Acende-se duas velas e, no dia seguinte, despacha-se aos pés de uma palmeira.
OFERENDAS A YEWÁ
- Para agradar Yewá.
Cozinha-se 16 pedaços de mandioca cortados em cubo. Depois de bem cozidos, coloca-se numa panela de barro onde se acrescenta: Melado de cana; mel de abelhas; canela em casca e 8 favas de anis estrelado. Deixa-se ferver em fogo brando durante vinte minutos. Retira-se do fogo e, depois de frio, coloca-se à Yewá, deixando por sete dias com velas acesas. Despacha-se num rio.
- Para conquistar um amor impossível.
Um coração de cera dentro do qual se coloca os nomes das pessoas interessadas, escritos 7 vezes, um ao lado do outro. O papel, depois de escrito, é enrolado em forma de canudo e atravessado por sete agulhas de cozer. Coloca-se o tubinho dentro do coração de cera e acrescenta-se: Uma folha de abre caminho; uma folha de elevante; sete pétalas de rosa vermelha; um pedaço de talo de comigo-ninguém-pode; um pouco de pó de osun; pó de peixe defumado; milho torrado; azeite de dendê e mel de abelhas. Coloca-se o coração dentro de uma panelinha de barro, completa-se com azeite de oliva e entrega-se ao Orixá, com uma vela de sete dias acesa e pedindo-se o que se quer. Despacha-se num rio.
- Para obter uma graça.
Cozinha-se sete raízes de mandioca pequenas, descascadas. Arruma-se numa travessa de barro e cobre-se com: melado de cana; açúcar mascavo; uma pimenta da costa em cima de cada raiz de mandioca; pedaços de coco cortados em tiras finas e mel de abelhas. Arreia-se diante de Yewá e despacha-se, sete dias depois, numa lagoa de água doce.
- Para agradar Yewá.
Numa tábua nova e limpa que flutue, coloca-se um pargo sem escamas, do qual foram retiradas todas as entranhas. Dentro do pargo coloca-se: Um papel no qual se escreveu o que mais se deseja na vida; um pouco de pipoca; 7 grãos de pimenta-da-costa; sete pedacinhos de coco seco; osun; lelekun; sete pétalas de rosa vermelha; mel de abelhas e azeite de dendê. Costura-se a barriga do peixe, coloca-se em sua boca um anzol de pesca e arruma-se, em cima da tábua, com sete velas acesas em volta. Entrega-se nas águas de uma lagoa, que sejam tranqüilas, para que a tábua flutue na superfície. Este adimú tem que ser oferecido à noite, com céu estrelado e lua crescente.
- Para se obter uma graça.
Prepara-se uma boa quantidade de pipocas, arroz branco cozido e canjica cozida. Coloca-se, numa travessa de barro, primeiro uma camada de arroz; por cima, uma camada de canjica e, finalmente, a pipoca. Sobre tudo isto, espalha-se uma boa porção de camarões fritos em azeite de dendê (sem limpar, apenas lavados). Rega-se com azeite de dendê e enfeita-se com rodelas de tomate. Arreia-se aos pés de Yewá por sete dias com duas velas acesas. Despacha-se, à noite, aos pés de uma árvore que dê flores.
- Para se obter proteção.
Pega-se um peixe de tamanho médio que se limpa e corta em postas. Com a cabeça do peixe prepara-se um pirão de farinha de mandioca, ao qual se acrescenta folhas de coentro e alguns grãos de ataré. As postas são cozidas com pimentão; coentro; anis estrelado em pó e gengibre ralado. À parte, frita-se em azeite dendê, sete camarões grandes, com cabeça e casca. Forra-se uma travessa de barro com bastante folhas de alface, sobre elas derrama-se o pirão depois de frio; arruma-se as postas de peixe e coloca-se por cima os camarões fritos. Bate-se as claras de sete ovos até que atinjam o "ponto-de-neve" e com isto, cobre-se todo o adimú. No centro, sobre a clara, coloca-se um obi de quatro gomos aberto. Este adimú deve ser entregue à Yewá na beira de um lago ou rio de águas mansas e limpas, em noite de céu estrelado. Os pedidos que forem feitos são endereçados ao firmamento e o adimú, antes de ser arriado, deve ser mostrado aos quatro pontos cardeais, começando-se pelo este, depois o norte, o oeste e o sul.
- Para apaziguar Yewá.
Prepara-se uma papa de milharina vermelha temperada com coentro. Refoga-se em azeite de dendê, cebola branca bem picadinha e uma porção de camarões secos. Coloca-se, numa travessa de barro, primeiro a papa de milharina e, por cima dela, os camarões secos refogados. Rega-se com dendê e enfeita-se com sete ovos cozidos cortados em rodelas. Sobre cada rodela de ovo cozido coloca-se um pouquinho de cebola branca ralada. No meio coloca-se um tomate cortado em quatro, sem as sementes, dentro do qual se coloca um obi de quatro gomos. Arreia-se nos pés de Yewá com velas acesas e despacha-se, depois de sete dias, nas margens de um rio de águas limpas.
- Para agradar Yewá.
Torra-se feijão fradinho, milho vermelho e amendoim. Coloca-se num alguidar e cobre-se com mel de abelhas, vinho branco e canela em pó. Arreia-se aos pés do Orixá ou na beira de um lagoa, com duas velas acesas.
OFERENDAS À OIYÁ
- Adimú para agradar Oyá.
Frita-se, no dendê, nove peixes de água doce pequenos. Arruma-se numa travessa de barro. Prepara-se, à parte, um molho com: cebola branca; pimentão vermelho; pimenta do reino; tomate; vinho tinto e camarão seco. Pronto o molho, derrama-se sobre os peixinhos fritos e enfeita-se com folhas de alface. Deixa-se nos pés de Oyá por quatro dias e despacha-se num bambual.
- Para obter proteção de Oyá.
Descasca-se 9 cebolas roxas das pequenas e frita-se, inteiras, em azeite de dendê. Coloca-se as cebolas e o óleo que sobrou da fritura numa panela de barro e, por cima, coloca-se: Milho torrado; feijão fradinho torrado; vários pedacinhos de coco seco; um copo de vinho rosado; um pouquinho de melado de cana; pó de ataré e pó de osun. Entrega-se diante do igbá ou dentro de uma mata.
- Para obter uma graça qualquer.
Escolhe-se 9 berinjelas bem bonitas, abre-se e frita-se, ligeiramente, em azeite de dendê. As berinjelas serão recheadas com o seguinte: Cozinha-se um pouco de feijão fradinho descascado e amassa-se bem amassadinho. À massa de feijão acrescenta-se cebola branca bem picadinha; camarão seco moído; ataré em pó e osun. Mistura-se bem estes ingredientes à massa de feijão fradinho e recheia-se as berinjelas. Arruma-se tudo numa travessa de barro, rega-se com azeite de dendê e arreia-se nos pés do Orixá. Despacha-se quatro dias depois, no local indicado pelo jogo.
- Para que Oyá trabalhe em uma determinada questão.
Prepara-se um bom molho com pimentão, tomate, cebola, alho e azeite de dendê. Prepara-se 9 acarajés. Sobre cada acarajé coloca-se um grão de ataré e uma moeda de cobre. Arruma-se os acarajés numa travessa de barro forrada com folhas de bambu e rega-se tudo com o molho. Arreia-se aos pés de Oyá e despacha-se, depois de 4 dias num bambual.
- Para que Oyá cale uma pessoa faladeira.
Dentro de uma língua de vaca, coloca-se: 9 grãos de ataré; 9 agulhas; uma pitada de osun; 4 grãos de milho torrado; 4 pedacinhos de casca de irôko e azeite de dendê. Enrola-se a língua muito bem enrolada com linha vermelha; coloca-se num prato ou alguidar de barro e deixa-se aos pés de Oyá por quatro horas sem acender velas. Transcorridas as quatro horas, pega-se a língua, leva-se a um pé de flamboayant(Poinciana regia) e amarra-se num de seus galhos.
- Para afastar uma pessoa sem que haja briga.
Pega-se um pé de boi (comprado no açougue); retira-se uma parte do tutano e coloca-se ali: O nome da pessoa que se quer ver pelas costas escrito no mesmo papel em que o pé de boi foi embrulhado; 9 grãos de ataré; 9 agulhas; 9 gotas de azougue; 2 penas de asa de andorinha; uma aleta (nadadeira) de peixe; pó de estrada e areia da praia. Enrola-se o pé num pano vermelho, amarra-se bem amarrado com linha vermelha. Arruma-se tudo numa travessa de barro e apresenta-se à Oyá, sem arriar. Pede-se o afastamento da pessoa (nunca o seu mal), leva-se para o quintal ou para qualquer lugar fora de casa e enterra-se o embrulho.
- Para dificuldades financeiras.
Prepara-se um boa quantidade de pipocas feitas no azeite de dendê, coloca-se num balaio e oferece-se à Oyá junto com Obaluaye. Prepara-se, em vasilhas separadas para cada Orixá, uma mistura de vinho seco com canela em pó e mel de abelhas. Acende-se uma vela para cada Orixá e despacha-se na porta do cemitério.
- Para evitar aborto com a proteção de Oyá.
Escolhe-se uma berinjela grande e bonita, corta-se em 9 fatias, frita-se em óleo de amêndoas. Corta-se, ao meio, uma cabaça de pescoço, limpa-se por dentro e arruma-se ali as rodelas de berinjela fritas. Tempera-se com pó de peixe defumado, pó de preá; osun e efun. A cabaça é fechada e amarrada com fita vermelha. Coloca-se num alguidar e deixa-se diante do igbá de Oyá até o final da gravidez. Depois que a criança nascer deve ser mostrada ao Orixá e só então, a cabaça será despachada num pé de akokô.
- Para obter uma graça.
Frita-se 9 pedaços de mandioca cortados em rodela (não retirar a casca). Os pedaços de mandioca são fritos em azeite de dendê, em fogo brando para que fiquem bem passadinhos. Num alguidar arruma-se: Os 9 pedaços de mandioca fritos; 9 espigas de milho verde descascadas e limpas; 9 acarajés; 9 obís vermelhos (de quatro gomos); milho torrado; feijão fradinho torrado; azeite de dendê; mel de abelhas e pó de efun. Deixa-se 9 dias diante de Oyá e despacha-se numa praça pública com 9 velas acesas.
- Para ter sucesso numa empreitada.
Prepara-se uma massa idêntica à do acarajé e deixa-se de lado. Prepara-se um molho com cebola roxa; cominho; orégano; camarão seco; vinho tinto e azeite de oliva. Com a massa do acarajé, prepara-se 9 bolinhos com a forma de pãezinhos, sem contudo fritá-los; arruma-se os bolinhos numa travessa de barro e espalha-se o molho por cima. Depois acrescenta-se: milho torrado; azeite de dendê; óleo de amêndoas e pimenta-da-costa. Coloca-se o adimú diante do Orixá por 9 dias e despacha-se, depois, dentro de uma mata.
- Para unir duas pessoas.
Corta-se ao meio uma maçã vermelha; retira-se as sementes e um pouco da polpa, fazendo um buraco onde se introduz: Um papel com os nomes das pessoas; um pedacinho de folha de comigo-ninguém-pode; um pedacinho de abre-caminho; um pouquinho da poeira da frente das casas das duas pessoas. Fecha-se a maçã, amarra-se com fita vermelha dando nove voltas e, em cada volta, um nó. A maçã é colocada num prato e regada com mel de abelhas, depois do que, é oferecida ao Orixá com os pedidos correspondentes. Despacha-se aos pés de um flamboayant depois de quatro dias.
- Para alcançar o impossível.
Coloca-se numa cesta diante de Oyá, os seguintes ingredientes: 9 berinjelas; 9 ecós; 9 acarajés; 9 ovos de galinha d’Angola; 9 espigas de milho verde descascadas; 9 jambos (Eugenia malacenses); 9 obís; 9 pedaços de coco seco e 9 favas de ataré inteiras. Todos os dias, durante 9 dias, a pessoa pega um de cada componente colocado na cesta, passa no corpo, transfere para um alguidar colocado ao lado e acende uma vela pedindo o que deseja. No nono dia pega o alguidar, leva para um bambual e arria ali, com nove velas acesas.
OFERENDAS A OMOLU / OBALUAYE
- Para agradar Omolu.
Cozinha-se, em água de poço sem sal, meio quilo de tremoços (lupinus luteus). Pega-se os tremoços já cozidos, coloca-se numa panela de barro e junta-se uma cebola roxa picada; cominho em grãos; uma folha de louro; um pouquinho de orégano; um pouco de gengibre ralado e azeite de dendê. Deixa-se ferver por meia hora e coloca-se, dentro da panela, uma porção de fubá de milho vermelho bem fino. Vai-se mexendo enquanto cozinha, até que engrosse como um mingau. Retira-se do fogo e, depois de frio, oferece-se a Omolu na mesma panela. Depois de sete dias leva-se à uma mata e se enterra com panela e tudo.
- Para problemas de saúde.
Pega-se 7 arenques defumados, arruma-se dentro de um prato de barro e se tempera com azeite de dendê; mel de abelhas; melado de cana e vinho tinto seco. Arreia-se diante de Omolu e, depois de sete dias, passa-se o prato com o adimú no corpo da pessoa enferma, leva-se a uma mata e enterra-se com tudo.
Para saúde.
Pega-se 14 pãezinhos de sal frescos, passa-se no corpo da pessoa e vai-se arrumando num alguidar de barro. Depois que todos os pães já estiverem no alguidar rega-se com azeite de dendê e vinho tinto seco, salpicando-se por cima pó de efun. Deixa-se diante do Orixá durante sete dias, findos os quais, retiram-se os pães substituindo-os por outros, agindo sempre da mesma forma. Os pães retirados são levados e despachados na porta do cemitério. A operação deve ser repetida até que a pessoa fique curada.
- Para agradar Omolú.
Cozinha-se uma quantidade de tremoços misturada com a mesma porção de feijão fradinho. Depois de cozida a mistura, coloca-se num alguidar de barro e tempera-se com azeite de dendê, pó de peixe defumado; pó de preá defumada; azeite de amêndoas e vinho tinto. Cobre-se com uma porção de pipocas estouradas em azeite de dendê. Deixa-se diante do Orixá por sete dias e despacha-se no mato.
- Para obter uma graça.
Pega-se sete berinjelas, parte-se ao meio e frita-se ligeiramente em azeite de dendê. Arruma-se os 14 pedaços de beringela num recipiente de barro e, sobre cada um, coloca-se uma bolinha de ori-da-costa com um grão de ataré em cima. Tempera-se com azeite de dendê, melado de cana e vinho tinto. Cobre-se com pipocas feitas na areia e arreia-se nos pés de Omolú, deixando por sete dias. Despacha-se nos pés de uma árvore dentro da mata.
- Para obter uma graça.
Prepara-se o mesmo adimú descrito no item anterior, substituindo as beringelas por cebolas roxas. O procedimento é absolutamente idêntico.
- Para obter a proteção de Omolu.
Torra-se, bem torrada, uma mistura de milho vermelho; feijão fradinho; feijão preto; tremoços; arroz com casca, amendoim e milho branco. Coloca-se tudo dentro de uma cabaça aberta no pescoço. Acrescenta-se 14 búzios fechados e todos os grãos de ataré contidos numa fava. Coloca-se ainda, pó de osun, uáji, pó de efun, aridã ralada, 14 grãos de lelekun, 14 favas de bejerekun, um pedacinho de carvão vegetal, pó de peixe defumado e pó de cotia defumada. Fecha-se a cabaça enrolando-a toda com palha-da-costa. Deixa-se por 14 dias diante do Orixá e depois, pendura-se atrás da porta de casa ou do local de trabalho.
- Para proteção no trânsito.
O mesmo trabalho descrito acima, usando-se uma cabacinha pequena que possa ser pendurada no retrovisor de um carro. Neste caso, todos os ingredientes podem ser utilizados em uma única unidade, em vez de quatorze.
- Para evolução financeira.
Assa-se no forno 13 pedaços de inhame com casca. Depois de assados unta-se com azeite de dendê, mel de abelhas e ori-da-costa. Arruma-se num alguidar e cobre-se com pipocas. Rega-se com vinho tinto seco. Despacha-se, depois de sete dias, na mata.
- Para agradar Omolu.
Sete cebolas roxas descascadas e fritas em azeite doce; sete espigas de milho verde assadas na brasa; sete rodelas de pão de sal; sete rodelas de aipim cozido com casca; milho torrado; tremoços e pipoca feita no dendê. Arruma-se num alguidar, primeiro o milho torrado e os tremoços. Por cima dispõe-se as rodelas de aipim, as fatias de pão, as espigas e as cebolas. Rega-se com azeite de dendê e cobre-se com as pipocas. Deixa-se sete dias diante de Omolu e despacha-se no mato.
- Para progredir na vida.
Cozinha-se sete bananas da terra, retira-se as cascas e amassa-se bem com um garfo. À banana amassada adiciona-se mel e um pouquinho de azeite de dendê. Mistura-se bem, sempre amassando e mexendo com um garfo. Coloca-se a massa dentro de um alguidar, arruma-se por cima sete fatias de pão e cobre-se com pipocas feitas na areia. Tempera-se com azeite de dendê e vinho tinto. Deixa-se nos pés do Orixá de um dia para o outro e despacha-se no mato.
- Para apaziguar Omolú.
Sete frutas-de-conde (Anona squamosa, L.); sete bananas da terra e sete espigas de milho verde sem casca. Arruma-se num alguidar e rega-se com melado de cana e vinho tinto seco. Despacha-se, depois de sete dias, próximo a um formigueiro.
- Para obter uma graça.
Numa cesta de palha arruma-se sete frutas-pão (Artocapus incisa); sete frutas-do-conde; sete espigas de milho secas; setes bananas da terra maduras; sete tamarindos (Tamarinus indica, L.); sete obís e sete orogbôs. Enfeita-se a gosto com folhas de canela-de-velho (Zinnia Elegans) e deixa-se por sete dias diante do Orixá. Despacha-se no mato.
OFERENDAS A OBATALÁ
- Merengue para agradar Obatalá.
Bate-se oito, dez ou dezesseis claras de ovos em neve. Com as clara faz-se um monte sobre o qual se coloca uma pitadinha de efun e, ao redor, um obi branco de quatro gomos aberto, (cada pedaço do obí deve ficar de um lado do prato, em forma de cruz. Arreia-se aos pés de Obatalá pedindo o que se quer. (Para Oxaguian, faz-se com 8 claras, para Oxalufan, com dez ou dezesseis).
- Para apaziguar Obatalá.
Vira-se ao contrário a tampa da sopeira de Obatalá, deixando-a sobre a sopeira. Forra-se o interior da tampa com algodão em rama. Bate-se oito, dez ou dezesseis claras de ovos como na receita anterior. Coloca-se o merengue (claras batidas em neve), sobre o algodão na tampa da sopeira, de modo que forme um monte. Salpica-se pó de efun no alto do monte de claras. Acende-se 8, 10 ou 16 velas brancas. No dia seguinte, recolhe-se o adimú, envolve-se num pano branco, e despacha-se numa mata limpa, em local protegido dos raios solares. A tampa, depois de lavada, fica no seu lugar normal.
- Para reverenciar Obatalá. Cozinha-se uma boa quantidade de canjica, lava-se em água corrente e escoa-se bem, deixando por algum tempo numa peneira, até que fique bem sequinha. Coloca-se numa tigela branca e rega-se com água de flor-de-laranjeira. Cobre-se com algodão em rama. Por cima do algodão, coloca-se um obí branco de quatro gomos aberto.
- Para agradar Obatalá.
Procede-se da mesma forma acima descrita, só que, sobre o algodão, coloca-se quatro de pedaços de coco (sem as películas pretas) e, sobre eles, uma bolinha de ori-da-costa misturada com pó de efun. Pode-se, se quiser, cobrir tudo com merengue.

- Para agradar Obatalá.
Prepara-se 8, 10 ou 16 acaçás. Cozinha-se uma boa quantidade de canjica que, depois de bem lavada e escorrida, é colocada numa bacia branca de ágata ou de louça. Arruma-se, sobre a canjica, um número de folhas de saião (Kalanchoe brasiliensis), que corresponda ao número de acaçás que se vai oferecer. Sobre cada folha, coloca-se um acaçá aberto. Em cima de cada acaçá coloca-se um búzio e um pouquinho de mel de abelhas. Deixa-se nos pés do Orixá de um dia para o outro e despacha-se em água corrente limpa. (A bacia volta para casa).
- Para problemas de caminhos fechados. Cozinha-se uma boa quantidade de canjica e separa-se a água em que foi cozida. Coloca-se a canjica numa tigela branca grande. Pega-se um igbín, meio metro de morim branco, uma garrafa com água de chuva e uma vela branca grande. Leva-se tudo ao alto de um morro e, num lugar limpo sob a sombra de uma árvore, arreia-se a tigela com a canjica sobre o pano branco. Molha-se o igbín, e coloca-se sobre a canjica dentro da tigela. Despeja-se o resto da água sobre o igbín, já sobre a tigela. Acende-se a vela, bate-se cabeça pedindo-se à Obatalá que, assim como aquele igbín vai encontrar seu caminho dentro da mata, que o caminho da pessoa seja aberto para o progresso, a paz e a harmonia. Ao retornar, toma-se banho com a água da canjica cozida misturada com água de poço. Veste-se roupa branca durante três dias e observa-se resguardo de boca e de corpo.
- Para obter uma graça.
Frita-se 8, 10 ou 16 peixinhos brancos em óleo de girassol (Heliantus annuus). Cozinha-se arroz branco, como se fosse para comer, sem usar sal. Coloca-se o arroz cozido, depois de frio, num prato branco e sobre ele arruma-se os peixinhos fritos com as cabeças viradas para fora. No centro, sobre o arroz, coloca-se um pãozinho de trigo inteiro, regado com mel de abelhas. A pessoa que oferece o adimú deve, depois de entregá-lo, comer um pouquinho do arroz, retirando-o do prato, sem usar as mãos, diretamente com a boca.
- Para proteção.
Cozinha-se um inhame-da-costa. Descasca-se, depois de cozido, e amassa-se bem, fazendo uma espécie de purê. Com a massa obtida, modela-se com as mãos, 8, 10 ou 16 bolas, em cada bola espeta-se uma moeda branca. Derrete-se uma porção de ori-da-costa e escorre-se um pouco do óleo sobre cada uma das bolas de inhame. Acrescenta-se pó de efun e cobre-se tudo com algodão em rama. Deixa-se nos pés de Obatalá por quatro dias e despacha-se aos pés de uma árvore frondosa, dentro da mata.
- Para recuperar a saúde.
Pega-se oito ovos de galinha-d'angola, unta-se com ori-da-costa e pó de efun. Arruma-se os ovos dentro da tampa da sopeira de Obatalá virada ao contrário. Todos os dias, logo pela manhã, passa-se um ovo na pessoa doente e se coloca num prato no chão. Quando se tiver feito a mesma coisa com o último ovo, embrulha-se num pano branco, leva-se dentro de uma mata e bate-se com o embrulho no tronco de uma árvore bem grande, até sentir que os ovos se quebraram, deixa-se o embrulho aos pés da árvore e sobre ele, uma quantidade de moedas correspondente ao número de ovos utilizados.
- Para resolver qualquer dificuldade.
Pega-se uma fruta pão que se abre em quatro, ao comprido, sem deixar que as partes se separem. Coloca-se a fruta aberta num prato branco, acrescenta-se arroz cru, coco ralado, mel de abelhas e pó de casca de ovos. Cobre-se tudo com algodão em rama e deixa-se diante de Obatalá por 10 dias, renovando, diariamente, a vela acesa. Despacha-se, envolto em pano branco, no alto de um morro.
- Para tirar uma pessoa da prisão.
Pega-se dois pombos brancos, lava-se para que fiquem bem limpinhos (usar na água, ervas de Obatalá), deixa-se os bichos, por três dias, presos numa gaiola em frente ao igbá do Orixá. No terceiro dia, leva-se as aves para o quintal, amarra-se no pé direito de uma delas o nome da pessoa que se deseja ver livre e, na outra, o endereço do local onde está presa. Solta-se os pombos sem jogá-los para o alto. Os pombos devem ser colocados no chão até que resolvam alçar vôo, não podem ser enxotados nem espantados, é preciso que permaneçam no local o tempo que quiserem.
- Para que Obatalá faça justiça.
Oito, dez ou dezesseis espigas de milho verde bem tenras. Assa-se as espigas num braseiro e, quando estiverem assadas, unta-se com ori-da-costa e mel de abelhas. Coloca-se numa travessa branca, salpica-se bastante pó de efun e pó de lírio fiorentino; cobre-se tudo com algodão e se oferece a Obatalá, no alto de um morro à sombra de um arvoredo, com tantas velas acesas quantas forem as espigas oferecidas.
- Para obter prosperidade.
Retira-se a casca de um coco seco; rala-se a polpa e coloca-se numa tigela grande. Junta-se à isso um copo de leite de cabra, oito colheres de mel de abelhas; oito folhas de saião e uma bola de efun desfeita em pó. Bate-se bem a mistura no liqüidificador. Depois de bem batida, coloca-se a mistura num tigelão branco, cobre-se a tigela com algodão em rama e enche-se um prato com arroz branco cru. A tigela com o líquido é colocada dentro do prato, sobre o arroz. Coloca-se, junto ao arroz, uma boa quantidade de moedas. Deixa-se nos pés de Obatalá, de um dia para o outro, com uma vela acesa. No dia seguinte, despeja-se o líquido da tigela num balde, acrescenta-se água de poço e toma-se um banho da cabeça aos pés. O arroz deve ser cozido para ser comido normalmente, com todos os temperos comuns. As moedas são atiradas dentro do poço de onde se retirou a água para o banho.
- Adimú de frutas.
Obatalá é um Orixá que pode ser facilmente agradado com frutas. Dentre as diversas frutas que podem ser oferecidas em seus adimús, destacamos: Coco verde ou seco, (sempre que se oferecer coco seco a Obatalá, é imprescindível que se retire a película escura que fica agarrada à polpa da fruta); uvas brancas ou rosadas; laranja lima; lima da Pérsia; fruta-do-conde; melão; mamão; fruta-pão (uma de suas preferidas); pêssegos; frutas secas como: passas; tâmaras; figos; nozes; avelãs etc. (Observação: as frutas demasiadamente ácidas ou de cascas e polpas vermelhas ou pretas, devem ser evitadas).
O USO DO COCO
Os povos do Caribe (particularmente os cubanos), pela impossibilidade de obterem o obi, passaram a utilizar o coco em sua substituição, inclusive num tipo de jogo denominado "Oráculo de Biaguê", onde quatro pedaços de coco são usados em substituição aos quatro segmentos do obi.
A utilização do coco é de tal forma popularizada, que este vegetal chega a ser chamado de obí, designando-se o verdadeiro obí, como obí-kola. O coco é utilizado como oferenda principal aos Orixás, Eguns, Exús e até mesmo a Ori, entrando em muitas formas de borí.
Quando Obatalá, dono do coco, reuniu todos os Orixás para dar-lhes mando e hierarquia, isto foi feito embaixo de um coqueiro. Obatalá colocou aos pés de cada Orixá um coco partido, por isso, todos os Orixás têm direito ao coco, embora o coco inteiramente descascado, seja um direito exclusivo de Obatalá.
Todos os Orixás sentaram-se ao redor do coqueiro para ouvirem com muito respeito e atenção as instruções de Obatalá, com exceção de Obaluaye que se mostrou relutante em aceitar as ordens e orientações que lhe eram dirigidas. Obatalá no entanto, conseguiu convencê-lo e, com muita paciência, fez com que acatasse suas ordens e orientações. Desde então, não é possível que se proceda a nenhum ritual sem que se ofereça antes, coco aos Eguns e aos Orixás.
AS OFERENDAS DE COCO.
Sempre que se quiser oferecer coco a Egun, Exú ou Orixá, o seguinte procedimento deve ser adotado:
Escolhe-se um coco maduro, rompe-se a casca externa, retira-se a parte comestível e joga-se a casca grossa fora.
A casca mais fina (espécie de película que fica agarrada à parte branca) é mantida, exceto quando a oferenda é destinada à Obatalá, quando somente a parte branca é ofertada). Corta-se quatro pedaços de tamanhos mais ou menos equivalentes, lava-se bem estes quatro pedaços, coloca-se num prato branco com a parte branca virada para cima e arreia-se no pé do Orixá ao qual se destina o sacrifício. Os mesmos quatro pedaços de coco oferecidos são utilizados no jogo para saber se o sacrifício foi ou não aceito.
Para cada entidade, embora o procedimento seja o mesmo, existe uma saudação diferente, de acordo com o que se segue:
Para Elegbara:
Laroye aki loju Bara Barabá
Exú ború ború, Exú boiyá, Exú boxixe!
Exú Bara Barakikenio!

Para Ogun:
Oun xibiriki ala Oluo kobu kobu,
Oké babá mi siú birikí
Kpalo to ni gba
Osun du rogágo la bo sie!
Para Oxóssi:
Oxóssi Odé mata ata mata
Sí du ró du ró mata!
Para Xangô:
Elueko Asósain a kata jéri jéri.
Kawo Kabiesile!
Ala tutan, ala layi apendé ure
Alafia kisieko tu ni
Yeyeni ogan gelé
Yuo okuré ari kasagun.
Para Ibeji:
Ibeji oro omó kueo Orunla,
Apetebi ajai ainá Alaba igbe, Idoú, Kainde!
Para Iyemanjá:
Iya mi o atara magba mio jójoo ,
Axere Ogun Ayaba igba odún; Omi o Iyemanjá asaiyabi Olokun,
Aboyo, aboyo yogun ewo
Aya balo ewo mi emi boxe
Iya olomi akara biaye
Iyemanjá igbere ekun asayabio
Olokun ya bi elede omó ariku
Alalajara de yuoma kamariku
kamari arun, kamari ejo.
Kamari ofo, kamari yen bipene.
Para Oiya:
Iyansan Orire omá lélu Oiya kojé kofiedeno.
Oiya aji lo da aji me mo omi enti omó kpe aye.
Orunla mio talembe mi lo jekuá jei Iyansan.
Iyansan oro Iku jéri obini dodo.
Para Inle:
Inle Maku e o ara kabo
Atagba ni le aragba
Inle aragbanile.
Para Oxun:
Oxun igba Iyami o!
Igba Iyami o!
Iko bo si Iyami gbasi, Iyami mo.
Iyalode ogbido abala abe de bu omi male ado
Elegbeni kikirisokede
To xe ni kpele kpele Yeye moro.
Para Obatalá:
Obatalá Obatasi
Obada bada badanera
Ye okulaba okualá. Axé Olobo
Axé omó, Axé ku Baba.
Obatalá dibenigba binike
Ala lolaá axé afiju
Oxa ai lala
Abi koko. Ala ru mati le.
(O coco oferecido a Obatalá, deve ser completamente branco, ou seja, é imprescindível que a película escura que o envolve seja total e cuidadosamente retirada e que, depois disto, os pedaços a serem oferecidos sejam muito bem lavados até que fiquem imaculadamente brancos).
Para Obaluaye:
Obaluaye ogoro nigá, iba eloni.
Agba litasa Baba Singbe, iba eloni.
Ogoro Xamponan. Ago.
Para os ancestrais (eguns):
Axé Baba adagba,
Axé Babadona Orun
Adiatoto adafun ala kentagbada omó aye.
Agô. 1
1 - As saudações aqui contidas foram coletadas com a colaboração de sacerdotes da Santeria de Cuba, onde o hábito de oferecer-se coco aos Orixás é muitíssimo difundido. O idioma yoruba no qual originalmente seriam feitas sofreu deturpações e modificações através dos tempos, influenciado que foi pelo espanhol, língua oficial daquele país. Tentamos de todas as formas ser o mais fiel possível àquilo que nos foi cedido tão gentilmente, e, por este motivo, publicamos os textos com a ortografia exata dos originais.
LAMPARINAS MILAGROSAS
Uma forma eficaz de se agradar os Orixás, muito usada na antigüidade, são as lamparinas à eles acesas. As mais tradicionais casas de Umbanda, ainda preservam, embora de forma quase imperceptível, este hábito muito eficiente para a obtenção de graças e favores dos Orixás.
A facilidade de obter-se velas industrializadas fez com que, gradativamente, este costume fosse abandonado e quase totalmente esquecido. Devemos ressaltar, no entanto, que as lamparinas são também consideradas como adimús, encontrando-se no mesmo nível como oferendas eficazes e que não podem cair no esquecimento, substituídas por velas de parafina que só significam, para os Orixás, a presença do elemento fogo, não representando portanto, um sacrifício completo como é o caso das lamparinas.
Na tentativa de resgatar este rito, que como tantos outros foram deixados de lado, apresentamos neste trabalho, uma coletânea de lamparinas quase que totalmente esquecidas no Brasil mas que funcionam de forma eficiente e rápida, conforme pudemos verificar nas Santerias de Cuba, no culto de Palo Mayombe, e nas diversas manifestações religiosas afro-americanas existentes no Caribe.
Esperamos estar contribuindo mais um pouco, na substituição do sacrifício animal de forma desregrada e abusiva como vem sendo praticado por sacerdotes que, infelizmente, não conhecem o verdadeiro sentido nem o momento exato em que tais sacrifícios tornam-se insubstituíveis.

LAMPARINAS PARA EGUN
- Para proteção de Egun.
Uma panela média de barro; 9 pimentas-da-costa; um copo de água de chuva; um copo de água de poço; água de rio; 3 colheres de mel-de-abelhas; 3 colheres de melado de cana; 3 colheres de azeite de dendê; uma pitada de pó de peixe defumado; 9 grãos de milho torrado; uma lata de azeite de oliva. Misturar todos os ingredientes dentro da panela de barro deixando o azeite de oliva para o fim. Colocar 9 mechas e acender para Egun. Depois de 9 dias, despachar no cemitério.
- Para afastar um malefício.
Uma cabaça grande; 9 gemas de ovos; 9 grãos de milho torrados; 9 grãos de pimenta-da-costa; 9 grãos de feijão fradinho; um pedacinho de talo de comigo-ninguém-pode; um pedacinho de galho de quebra-mandinga; uma lata de azeite de oliva.
Abre-se a cabaça em cima, limpa-se bem retirando todas as sementes de seu interior; coloca-se dentro os ingredientes deixando o azeite de oliva para o final; acende-se uma mecha de algodão e deixa-se, por 9 dias, nos pés de Egun. Despacha-se no cemitério.
- Para boa sorte.
Um recipiente de cristal grosso; 9 colheres de vinho tinto; 9 colheres de vinho branco; 9 colheres de emú (vinho de palma); 9 pedacinhos de coco seco; 9 grãos de ataré; pó de peixe defumado; um pouco de osun; um pouquinho de areia de rio; um pouquinho de terra da frente de casa; uma lata de azeite de oliva.
Arruma-se tudo dentro do cristal, segundo a ordem da relação acima. Acende-se 9 mechas e deixa-se nos pés de Egun durante 9 dias. Despacha-se no cemitério.
- Para destruir um inimigo
Uma panela de barro de tamanho médio; um pouco de osun; um pouco de efun; um pouco de uáji; pó de peixe defumado; pó de preá defumado; um pouco de azeite de dendê; um pouco de óleo de rícino; um pouco de sumo de folhas de comigo-ninguém-pode (substância venenosa que requer cuidado no manuseio); um pouquinho de terra de cemitério; um pedaço de galho de abre caminho e o nome da pessoa escrito 9 vezes em papel de embrulho grosseiro. Ateia-se fogo ao papel com o nome escrito, já dentro da panela de barro. Coloca-se os ingredientes dentro da panela, sobre as cinzas e completa-se com azeite de oliva. Acende-se 9 mechas deixando que queimem por 9 dias. Despacha-se no cemitério.
LAMPARINAS PARA EXÚ
- Para obter proteção de Exú.
Dentro de uma cabaça bem limpa, coloca-se o seguinte: 7 roletes de cana; milho torrado; 3 moedas; azeite de amêndoas; azeite de dendê; pó de peixe defumado; pó de preá defumada; aguardente de cana e azeite de oliva. Arruma-se tudo dentro da cabaça, acende-se uma mecha e deixa-se queimar por 7 dias diante de Exú. Despacha-se na encruzilhada.
- Para criar dificuldades na vida de alguém.
Numa cabaça bem limpa coloca-se: Uma foto da pessoa que se pretende prejudicar; 7 colheres de sal de cozinha; o suco de 7 limões; 7 gotas de azougue; 7 gotas de alcatrão; 7 gotas de amônia; um pouco de óleo de rícino e azeite de oliva. Acende-se 3 mechas que deverão queimar por 11 dias diante de Exú, (trocar e completar o azeite sempre que necessário). Despacha-se no cemitério, o mais próximo possível do sino que anuncia a entrada de um enterro.
LAMPARINAS PARA OGUN
- Para obter uma graça.
Uma panela de barro; 7 pimentas-da-costa; 7 grãos de milho torrado; pó de peixe; pó de preá defumado; 7 colheres de mel; um cálice de emú (pode ser substituído por gin); azeite de oliva. Coloca-se tudo dentro da panela; acende-se uma mecha e deixa-se por 7 dias diante de Ogun. Despacha-se na linha do trem.
- Para perturbar a vida de alguém.
Uma panela de barro; azeite de dendê; 7 colheradas de óleo de coco; 7 colheres de alcatrão; 7 gotas de amônia; 7 grãos de milho torrados; 7 pimentas-da-costa; osun; uáji; um pedacinho de talo de comigo-ninguém-pode; o nome da pessoa escrito em papel de embrulho. Primeiro, abre-se o papel com o nome escrito e urina-se sobre ele; coloca-se o papel dentro da panela de barro e arruma-se, por cima, todos os ingredientes relacionados. Completa-se com azeite de oliva, acende-se uma mecha e deixa-se ficar, durante sete dias, diante de Ogun. Despacha-se dentro do cemitério.
- Para obter uma vitória com a ajuda de Ogun.
Abre-se ao meio uma melancia. Da parte de baixo, retira-se toda a polpa e coloca-se dentro: Um pouco de água de poço; sete pedacinhos de folha de espada-de-São Jorge; 7 pimentas-da-costa; 7 favas "chapéu-de-napoleão"; uma fava olho-de-boi; 7 grãos de milho torrados; um pouco de pó de efun; uáji; um cálice de gin; azeite de dendê e azeite de oliva. Coloca-se tudo dentro da metade oca da melancia, completa-se com azeite de oliva, acende-se uma mecha e deixa-se 7 dias diante de Ogun. A outra banda da melancia, é colocada ao lado da lamparina como oferenda ao Orixá. Despacha-se numa rodovia de grande movimento.
LAMPARINAS PARA OXÓSSI
- Para obter a ajuda de Oxóssi
Uma panela de barro de tamanho médio; meio copo de azeite de amêndoas; meio copo de azeite de dendê; 7 colheres de melado; um pouco de osun; 7 grãos de milho torrados; pó de peixe defumado; pó de preá defumada; 7 colheres de suco de romã; 7 colheres de licor de anis; 7 grãos de pimenta-da-costa; azeite de girassol. Coloca-se os ingredientes relacionados dentro da panela de barro, completa-se até a borda com o azeite de girassol, acende-se uma mecha e deixa-se queimar por sete dias. Despacha-se nos pés de uma amendoeira.
- Para boa sorte.
Uma panela de barro média; 7 colheres de azeite de amêndoas; 7 grãos de milho torrados; pó de preá defumada; 7 colheres de aguardente; 7 colheres de azeite de dendê; 7 pedacinhos de ori-da-costa; osun; 7 pedaços de açúcar cândi; um pedaço de papel branco contendo escrito o que se deseja do Orixá; azeite de oliva. Coloca-se o papel com os pedidos no fundo da panela e, sobre ele, coloca-se os ingredientes. Completa-se com o azeite de oliva e acende-se 7 mechas, deixando por 7 dias nos pés de Oxóssi. Despacha-se numa mata.
LAMPARINAS PARA LOGUNEDÉ
- Para obter uma graça.
Uma panela de barro; sal de camarão seco; 16 favas de abere; 16 favas de ariô; 16 grãos de milho seco; a gema de um ovo de galinha; um pouco de água de rio e azeite de oliva. Escreve-se em papel de embrulho a graça que se deseja obter; coloca-se o papel no fundo da panela; arruma-se todos os ingredientes por cima; completa-se com o azeite de oliva. Acende-se a mecha e deixa-se por cinco dias diante de Logun. Despacha-se nas águas de um rio, no local mais profundo.
- Para resolver uma situação difícil.
Dentro de uma bacia de ágata coloca-se um pouco de água de rio. Dentro desta água coloca-se 5 gemas de ovos de galinha. Pega-se uma panela de barro e dentro dela coloca-se água de rio e azeite de oliva. Coloca-se a panela dentro da bacia com as gemas; acende-se uma mecha e arreia-se diante de Logun, deixando por 7 dias. Despacha-se na cachoeira.
LAMPARINAS PARA OXUN
- Para obter proteção de Oxun.
Uma panela de barro; uma pedra imã; água de flor de laranjeira; vinho seco; água de colônia; 5 pedacinhos de ori-da-costa; 5 colheres de café de óleo de amêndoa doce; azeite de oliva. Coloca-se o imã dentro da panela e, por cima, os demais ingredientes. Completa-se com o azeite de oliva, acende-se uma mecha e deixa-se por cinco dias diante de Oxun. Pode-se manter sempre diante do Orixá ou despachar-se numa cachoeira.
- Para que uma mulher fique grávida.
Um melão; um bonequinho de plástico; um pedacinho de talo de abre-caminho; 5 ovos de codorna (somente se utilizam as gemas); 5 colheres de chá de óleo de amêndoa doce; 5 colheres de creme de abacate; 5 gotas de água de colônia; um pouco de osun; 5 colheres de café de suco de salsa; 5 pedacinhos de manteiga de cacau; óleo de girassol. Abre-se uma tampa na parte de cima do melão; retira-se as sementes; coloca-se o bonequinho com a cabeça para cima; coloca-se todos os demais ingredientes e completa-se com o óleo de girassol. Acende-se uma mecha e deixa-se diante de Oxun por cinco dias. Despacha-se nas águas de um rio.
- Para atrair uma pessoa.
Uma cabaça bem grande; o nome da pessoa que se pretende atrair escrito num lenço branco, novo e perfumado; 5 gemas de ovos de galinha d’Angola; 5 ovos de codorna inteiros; 5 pedacinhos de coco; 5 colherinhas de azeite de amêndoa-doce; 5 colheres de mel de abelhas; um pouco de efun; um pouco de osun; 5 colheres de açúcar mascavo.
Abre-se a cabaça, limpa-se seu interior, coloca-se o papel e os demais ingredientes. Completa-se com azeite de oliva e acende-se uma mecha, deixando diante de Oxun durante cinco dias. Despacha-se nas águas de um rio.
- Para que alguém retorne.
Prepara-se, da mesma forma da receita anterior, uma cabaça, dentro da qual se coloca: 5 bolinhos feitos com farinha de milho misturada com mel de abelhas e folhas de salsa bem picadinhas; mel de abelhas; azeite de dendê; 5 favas de aberê e óleo de girassol. Depois de tudo dentro da cabaça, completa-se até a borda com o óleo de girassol, acende-se uma mecha e deixa-se, por cinco dias, nos pés do Orixá. Despacha-se num rio.
LAMPARINAS PARA OIYÁ
- Para proteção.
Uma panela de barro; 9 pimentas-da-costa; pó de peixe defumado; pó de preá defumada; azeite de dendê; melado de cana; 9 pedacinhos de ori-da-costa; 9 agulhas; 9 pedacinhos de coco seco; 9 gemas de ovos de galinha d’Angola; osun; um pouquinho de vinho tinto; um pouquinho de genebra. Completa-se com azeite de oliva e acende-se uma mecha, deixando por 9 dias aos pés de Oyá. Despacha-se num bambual.
- Para defender-se de inimigos.
Uma panela de barro; 9 grãos de feijão fradinho; 9 grãos de milho vermelho; uma pitada de colorau; açúcar mascavo; azeite de dendê; um pouco de água de rosas. Completa-se com azeite de oliva e acende-se uma mecha por nove dias aos pés de Oyá. Despacha-se nos pés de um flamboayant.
- Para obter uma graça.
Uma panela de barro; açúcar mascavo; açúcar cândi; 9 gemas de ovos de codorna; 9 brasas de carvão vegetal acesas; água de rosas. Depois de tudo arrumado na panela, completa-se com azeite de oliva e acende-se uma mecha, deixando-se, por 9 dias, diante do Orixá. Despacha-se num bambual.
LAMPARINAS PARA YEWÁ
- Para alcançar uma graça.
Numa panela de barro coloca-se: Um pouco de terra de formigueiro; uma pitada de osun; 11 pimentas-da-costa; açúcar cândi; açúcar mascavo; açúcar branco refinado; azeite de dendê; mel de abelhas; umas gotinhas de essência de rosas. Completa-se com azeite de oliva; acende-se uma mecha e deixa-se por 11 dias diante de Yewá. Despacha-se aos pés de uma árvore grande.
- Para proteção.
Na metade de uma cabaça bem limpa por dentro, coloca-se: 11 grãos de pimenta-da-costa; peixe defumado; 11 pedacinhos de coco seco; 1 anzol; um ofázinho de metal; 1 obí; um pouco de osun; mel de abelha; um pouquinho de baunilha; 11 pedacinhos de canela em casca; um pedacinho de sabão da costa. Completa-se com azeite de oliva, acende-se uma mecha e deixa-se por 11 dias aos pés de Yewá. Despacha-se numa nascente d'água.
- Para defender-se de inimigos.
Uma panela de barro; 11 grãos de feijão fradinho; 11 grãos de milho vermelho; açúcar mascavo; azeite de dendê; um pouco de água de rosas. Completa-se com azeite de oliva e acende-se uma mecha por 11 dias aos pés de Yewá. Despacha-se nos pés de um flamboayant.
- Para atrair uma pessoa.
Uma cabaça bem grande; o nome da pessoa que se pretende atrair escrito num papel branco; 11 gemas de ovos de galinha d’Angola; 11 gemas de ovos de codorna ; 11 pedacinhos de coco; 11 colherinhas de azeite de amêndoa doce; 11 colheres de mel de abelhas; um pouco de efun; um pouco de osun; 11 colheres de açúcar mascavo. Abre-se a cabaça, limpa-se seu interior, coloca-se o papel e os demais ingredientes. Completa-se com azeite de oliva e acende-se uma mecha, deixando diante de Yewá durante 11 dias. Despacha-se nas águas de um rio.
LAMPARINAS PARA OBÁ
- Para obter a proteção de Obá.
Uma panela de barro; uma pedra imã; água de flor de laranjeira; vinho tinto; 15 pedacinhos de ori-da-costa; 15 colheres de café de óleo de amêndoa doce; 1 folha de comigo-ninguém-pode e azeite de oliva.
Coloca-se a folha com o imã dentro da panela e por cima, os demais ingredientes. Completa-se com o azeite de oliva, acende-se uma mecha e deixa-se por 15 dias diante de Obá. Despacha-se no local determinado pelo jogo.
- Para desfazer um malefício.
Numa panela de barro coloca-se: 15 sementes de abóbora; um pouco de farinha de milho vermelho torrada; 15 agulhas de costura; 15 pimentas-da-costa; 15 colheres de vinagre; 15 colheres de suco de limão; osun; uáji; 15 búzios pequeninos e azeite de oliva. Acende-se uma mecha e deixa-se, por 15 dias, nos pés de Obá. Despacha-se no cemitério.
- Para obter diversas graças simultaneamente.
Uma panela de barro média; 15 colheres de azeite de amêndoas; 15 grãos de milho torrado; pó de preá defumada; 15 colheres de azeite de dendê; 15 pedacinhos de ori-da-costa; osun; um pedaço de papel branco contendo, escrito, o que se deseja do Orixá; azeite de oliva. Coloca-se o papel com os pedidos no fundo da panela e, sobre ele, coloca-se os ingredientes. Completa-se com o azeite de oliva e acende-se uma mecha, deixando por 15 dias nos pés de Obá. Despacha-se numa mata.
LAMPARINAS PARA NANÃ
- Para sorte e proteção de Nanã.
Uma panela de barro média; 13 gemas de ovos de gansa; 13 pimentas-da-costa; 13 búzios; osun; efun; uáji; um pouco de lama de pântano; um pouco de milho torrado; peixe defumado; azeite de dendê; 13 colheres de azeite de amêndoas; os pedidos que se deseja obter escritos em papel de embrulho. Coloca-se o papel dentro da panela e todos os ingredientes por cima; completa-se com óleo de girassol. Acende-se uma mecha e deixa-se diante de Nanã por 13 dias. Despacha-se num pântano.
- Para conseguir uma graça.
Metade de uma cabaça bem limpa por dentro; 13 moedas pequeninas; 13 grãos de milho de pipoca que não tenham estourado ao se fazer pipocas para Omolú; 13 pedacinhos de coco seco; 13 sementes de anis estrelado; azeite de dendê; um pouco de melado de cana; um pouco de lama do fundo de um rio; azeite de oliva.
Escreve-se, num papel qualquer, o que se deseja de Nanã. Coloca-se o papel dentro da cabaça e coloca-se todos os ingredientes por cima. Completa-se com azeite de oliva, acende-se uma mecha e deixa-se nos pés de Nanã por 13 dias. Despacha-se nas águas de um rio.
- Para desfazer um malefício.
Numa panela de barro coloca-se: 13 sementes de melão; um pouco de farinha grossa de milho vermelho torrada; 13 agulhas de costura; 13 pimentas-da-costa; 13 colheres de vinagre; 13 colheres de suco de limão; 13 gotas de amoníaco; osun; efun; uáji; um búzio grande e azeite de oliva. Acende-se uma mecha e deixa-se, por treze dias, nos pés de Nanã. Despacha-se no cemitério.
LAMPARINAS PARA IYEMANJÁ
- Para atrair boa sorte.
Uma panela de barro de tamanho médio; um pouquinho de água de flor de laranjeira; um cálice de licor de menta; um copo de água do mar; um pouco de azeite de dendê; um pouco de mel de abelhas; um pouco de melado; 4 agulhas de costura; azeite de girassol. Coloca-se tudo dentro da panela, completa-se com o azeite de girassol e acende-se uma mecha por sete dias. Despacha-se no mar.
- Para obter uma graça.
Um melão; sete gemas de ovos de galinha d’Angola; pó de peixe defumado; um copo de água de rio; um copo de água do mar; 7 grãos de ataré; melado; mel de abelhas; 7 moedas de pequeno valor; azeite de oliva. Abre-se o melão, retira-se a polpa, coloca-se os ingredientes relacionados, completa-se com o azeite de oliva e acende-se uma mecha por sete dias. Despacha-se no mar ou nas águas de um rio.
- Para prejudicar um inimigo.
Uma cabaça; um papel de embrulho com o nome do inimigo escrito sete vezes; 4 agulhas; 4 colheres de vinagre; sete pedras de sal grosso; uma pitada de osun; pó de bambu; um pouco de amônia; um pedaço de pedra de cânfora; 4 colherinhas de chá de óleo de rícino; a mesma quantidade de óleo de castor; 4 colheres de azeite de dendê; 4 grãos de pimenta-da-costa; 4 pedrinhas pequenas de carvão mineral; pó de peixe e de preá defumados; óleo de soja. Abre-se a cabaça pelo pescoço; tira-se as sementes; coloca-se o papel com o nome; cobre-se com os ingredientes relacionados; completa-se com o óleo de soja; acende-se uma mecha e deixa-se diante de Iyemanjá por quatro dias. Depois, fecha-se a cabaça com a própria tampa, amarra-se com palha da costa e enterra-se na beira de um rio.
LAMPARINAS PARA XANGÔ
- Para evolução na vida.
Uma melancia; água de rio; 6 pimentas-da-costa; azeite de oliva; 6 colheres de azeite de dendê; 6 colheres de azeite de amêndoas; 6 colheres de azeite de coco; 6 pavios ou mechas de algodão.
Abre-se a melancia ao meio, no sentido vertical, retira-se a polpa de seu interior e se introduz os ingredientes acima relacionados, começando pela água e deixando o azeite de oliva por último, de forma que fique cheia até em cima. Coloca-se os pavios ou mechas e deixa-se aos pés de Xangô até que se queime todo o óleo. A polpa retirada da melancia, é esfregada no corpo da pessoa que, depois, disto toma banho de água limpa e só então acende a lamparina.
- Para obter uma graça.
Escreve-se num papel o que se deseja obter. Coloca-se o papel numa panela de barro e junta-se à ele, os seguintes ingredientes: Pó de peixe defumado; pó de preá defumado; um copo de vinho tinto; um copo de aguardente; 6 pimentas-da-costa; 6 moedas de cobre; vários pedacinhos de coco seco; azeite de dendê; ori-da-costa; 6 colheres de mel de abelhas; um pouco de pó de osun; um pedaço de galho de abre-caminho; um pedaço de casca de irôko; 6 agulhas; 6 colherinhas de óleo de amêndoa doce. Completa-se com azeite de oliva e acende-se uma mecha, deixando-se por seis dias diante de Xangô. Despacha-se aos pés de uma palmeira imperial.
- Para que Xangô dê proteção permanente.
Limpa-se uma cabaça grande e, numa de suas partes arruma-se: 12 bolas de inhame enfeitadas com um grão de milho vermelho; 12 grãos de pimenta-da-costa; 12 orogbôs; 12 favas de alibé; 12 favas de ariô; osun; efun; um pouco de lã de carneiro; 12 pedacinhos de ori-da-costa; azeite de dendê; 12 quiabos cortados em rodelinhas; um cálice de vinho tinto. Arruma-se tudo dentro da cabaça que é, por sua vez, colocada dentro de uma gamela de madeira; completa-se com azeite de oliva, acende-se uma mecha e deixa-se 12 dias diante de igbá de Xangô. Despacha-se nos pés de uma palmeira.
LAMPARINAS PARA OMOLÚ
- Para resolver problemas de saúde.
Em meia cabaça devidamente limpa coloca-se: Azeite de dendê; mel de abelhas; vinho tinto seco; azeite de amêndoa; milho torrado e milho de pipoca. Completa-se com azeite de oliva, acende-se uma mecha que deve ser renovada até que a pessoa melhore. Depois de obtida a graça, enterra-se a cabaça dentro de cemitério.
- Outra para a saúde.
Colocar numa panela de barro: um copo de água de coco verde; um copo de vinho branco; uma pitada de gengibre ralado; alguns grãos de tremoços e um cálice de genebra. Depois de tudo arrumado, completa-se com azeite de oliva, acende-se a mecha e deixa-se diante do Orixá por sete dias. Despacha-se numa mata.
- Para obter uma graça impossível.
Pode-se usar, indiferentemente, uma cabaça ou uma panela de barro. Em seu interior coloca-se: 7 grãos de milho torrados; 7 bolinhas de ori-da-costa; 7 grãos de ataré; uma taça de vinho tinto rascante; canela em pó; azeite de dendê e 1 orogbô. Completa-se com azeite de oliva, acende-se a mecha e deixa-se por 7 dias diante de Omolú. Despacha-se em cima de um formigueiro.
LAMPARINAS PARA OBATALÁ
- Para problemas de saúde.
Pega-se um melão, corta-se uma tampa em cima, retira-se as sementes e a polpa. Dentro do melão coloca-se: 8 gemas de ovos de pomba branca; 8 grãos de canjica crus; 8 moedas brancas; 8 búzios; um pouco de água de flor de laranja; 8 pedacinhos de ori-da-costa; pó de efun; o sumo de 8 folhas-da-fortuna. Completa-se até em cima com azeite de oliva; acende-se uma mecha e deixa-se por oito dias nos pés de Obatalá. Despacha-se aos pés de um algodoeiro.
- Para obter-se uma graça.
Uma panelinha de barro pequena na qual se coloca um papel com o pedido do que se deseja. Sobre o papel coloca-se 10 pedacinhos de ori-da-costa e uma fava de baunilha. Completa-se com azeite de oliva e acende-se uma mecha. Durante 10 dias completa-se o azeite e renova-se a mecha sempre que for necessário. Despacha-se num local alto e arborizado.
- Para agradar Obatalá.
Num copo de cristal grosso, coloca-se quatro dedos de água de flor de laranjeira; 10 gotas de baunilha e azeite de oliva. Acende-se um pavio de lamparina e deixa-se que se queime todo o azeite do copo. Se for preciso, pode renovar o pavio. Não se despacha o copo, apenas a água do fundo é despejada num gramado limpo.






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